Em mês de centenário o Ramaldense quer recuperar a mística, sem descurar as raízes e a responsabilidade social.
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É no coração de Ramalde, freguesia do município do Porto, que se localiza o Ramaldense Futebol Clube. Um emblema bairrista, moldado pelos 100 anos de história e responsabilidade social vincada, alicerçada em pessoas que vivem para "não deixar o clube cair". "O Ramaldense é um vício, quem cá entra nunca deixa de gostar deste símbolo. Resiliência é a palavra que melhor nos define, porque nunca desistimos mesmo quando parece que o mundo vai cair", explica Joaquim Novais, o presidente.
Se a vontade de fazer crescer o clube muitas vezes se sobrepõe às dificuldades, há momentos que são demasiado duros, mesmo para quem tem tamanha força de vontade. O final da época 2009/10 encaixa neste lote, pois o abismo nunca esteve tão perto. "Essa época marcou o fim do campo Alberto Araújo [assim denominado em honra ao fundador do Ramaldense] e foi muito complicado continuar. Ficámos sem instalações, sem jogadores e toda a gente nos dava como mortos", conta José Luís, diretor e adepto do "Tricolor de Ramalde", desde que tem memória. Na altura, o dirigente viu-se sozinho na luta contra a extinção, mas arranjou forças para reerguer o emblema portuense. Pegou no telefone, tratou de arranjar um campo para treinos e jogos, formou uma equipa a poucas semanas do arranque da competição e manteve o clube vivo, para alegria de toda a massa associativa.
A importância da continuidade do Ramaldense não se prende unicamente com a parte desportiva, pois a responsabilidade social é uma das missões de toda a Direção. "Temos aqui miúdos de todo o tipo. Dos que têm uma vida familiar estável aos que chegam ao clube sem ainda ter comido e poder ajudar estes jovens dá-nos muita satisfação", refere Joaquim Novais.
Longe dos tempos áureos, o Ramaldense quer voltar a ser um clube eclético, pois os 33 títulos de campeão em hóquei de campo, aliados à longa tradição no boxe, não devem cair no esquecimento. "Quanto ao hóquei é complicado porque a modalidade perdeu muitos praticantes. Já a secção de boxe, estamos a tentar restruturá-la". Desportivamente, os portuenses seguem no 12.º lugar da 1.ª Divisão da A. F. Porto e precisam de um ponto para garantir a permanência, a três jogos do final.
Fundação: 05-04-1922
Local de jogos: Parque Desportivo de Ramalde
Sócios: 270
Palmarés: 1.º Divisão da A. F. Porto em 1928/29, 1938/39, 1939/40, 1941/42, 1943/44 e 1987/88
Figura
António Ferreira, Capitão, 41 anos
Conhecido por "Tó" é jogador do clube desde 1998. Pelo meio ainda foi treinador dos seniores, em 2017/18 e 2020/21.