Com o modelo atual de receitas das SAD assente nas transmissões televisivas, na participação nas provas europeias e nas transferências de jogadores esticado ao limite, os clubes preparam-se para uma verdadeira revolução, na busca de fontes que lhes permitam conquistar mercados alternativos ou maximizar os existentes.
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No novo modelo da Liga dos Campeões, o número de jogos vai aumentar e afetar todo um mercado indireto que começa no aumento de preço dos camarotes e lugares anuais, mas que também vai procurar atrair os adeptos aos estádios cada vez mais cedo, para viverem o ambiente de jogo, fixando-os nos recintos desportivos antes e depois dos 90 minutos. “Até agora, o futebol está estruturado para gerar receitas em torno dos 90 minutos de jogo, mas espera-se uma revolução significativa na próxima década”, revelou, ao JN, Daniel Sá, especialista em marketing desportivo e diretor do IPAM.
As previsões apontam para que as receitas dos dias de jogo cresçam, nomeadamente através do consumo de bebidas de baixo teor alcoólico, mercado que já tem um grupo de trabalho da Liga Portugal a desenvolver a questão. Entre os caminhos que se desenham para maximizar receitas, os direitos de transmissão prometem ultrapassar largamente o âmbito dos 90 minutos de jogo. “Esses direitos serão cada vez mais multimédia. Ultrapassam os jogos e abraçam o marketing individual dos jogadores, que deverá ser mais potenciado, até para vendermos melhor a nossa liga no mercado internacional”, explicou Carlos Vieira, ex-administrador da SAD do Sporting. “Os clubes vão vender conteúdos, permitir, por exemplo, que se acompanhe o dia a dia da equipa, deixando os gestores de conteúdos fazer um trabalho de comunicação diferente, quase à imagem de um reality show, porque os adeptos gostam de acompanhar essas coisas”, acrescentou.