Projeto está em marcha, para que se concretize a partir de 2022/23. Salvaguarda competitiva visa defender as equipas que vão à UEFA.
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A principal Liga portuguesa poderá passar a disputar-se apenas por 16 equipas em vez das 18 atuais, a partir da temporada de 2022/23. Mas, para tal, é necessário aprovar as inerentes alterações ao quadro competitivo, em assembleia-geral da Liga de Clubes, a realizar até 30 de junho deste ano.
O campeonato de futebol como o conhecemos desde a época 2014/15 poderá ter os dias contados, após o final de 2021/22. Há sete anos que o modelo do escalão principal contempla 18 equipas. A ser aprovado este projeto, ainda haveria uma oitava temporada assim, a arrancar no próximo verão, mas depois, em agosto de 2021, tudo mudaria.
Uma Liga com 16 equipas obriga a uma fórmula que compreende 30 jornadas em vez das 34 atuais, o modelo que mais tempo vigorou em Portugal, tendo sido criado pela primeira vez em 1971/72.
A necessidade de proporcionar um calendário menos sobrecarregado, para as equipas que garantam a qualificação para as competições europeias, é uma das mais fortes razões para legitimar a mudança, num processo que terá sempre de ser gerido com cuidado, como, aliás, se observa nos comentários dos técnicos Manuel Machado e Paulo Alves, que já trabalharam com os dois modelos competitivos (o atual e o proposto) e que, ao JN, sustentam não concordar com o plano de redução.
Atualmente, a Liga é disputada por 18 clubes que se qualifiquem na época anterior e possuam os requisitos legais e regulamentares estabelecidos para participarem nesta competição. Pelo menos metade dos participantes luta apenas para não ser despromovido - nesta época e após 21 jornadas, do décimo ao 18.º e último distam só quatro pontos - e, como tal, não se antevê que seja fácil a recolha dos votos suficientes para proceder à reformulação da prova.
Ainda assim, sabe o JN, os altos quadrantes do futebol luso já se encontram a planificar a redução, que, mesmo depois de aprovada, terá também de merecer o acordo da Federação Portuguesa de Futebol.
O nosso jornal tentou ouvir a opinião da Liga de Clubes sobre este assunto, mas tal não foi possível.
Vozes
Treinador de futebol
"Sou contra a redução. As grandes ligas europeias são maioritariamente com 20 equipas e arranjam sempre datas. É preciso jogar mais e treinar menos. Dizer que a liga não é competitiva... não aceito. Tirando o caso do Sporting, não há muita disparidade e com a centralização dos direitos televisivos prevejo ainda mais equilíbrio".
Treinador de futebol
"Sou contra a redução. Significa a perda de clubes, de empregos, a nível de treinadores e de jogadores. Portugal tem capacidade para manter o modelo atual. Acho que se adequa ao nosso país e é suficiente para assegurar a competitividade. Mas reconheço que para as equipas nas provas da UEFA é mais complicado".
Pormenores
"Big five" acima
Quatro das cinco principais ligas europeias têm 20 equipas: Espanha, Inglaterra, Itália e França. Entre os "big five", só na Alemanha participam 18 clubes, tal como em Portugal. Nos dez países de maior ranking, só a Rússia (16) e a Áustria (12) estão abaixo da liga lusa.
Três vezes com 20
Em Portugal, o recorde foram as ligas com 20 equipas, jogadas por três vezes, em regra para proceder a ajustes motivados por casos administrativos de difícil resolução. Tal sucedeu nas épocas 1987/88, 1988/89 e 1990/91. Mas ligas assim tão cedo não voltam.