Ricardo Araújo Pereira: "Não tenho capacidade para ser presidente e acho que o Rui Costa também não"

O Benfica prepara-se para ir a eleições e são vários os nomes que surgem para concorrer à presidência do clube. Um deles é Noronha Lopes que repete a candidatura de 2020. Na apresentação uma das caras conhecidas que marcou presença foi o humorista Ricardo Araújo Pereira, que, de resto, é apoiante do empresário português. 

"Eu apoio João Noronha Lopes nestas eleições, como já tinha apoiado em 2020, porque quero que o Benfica tenha uma gestão competente, independente de interesses que não sejam o do Benfica. A vida corre-me melhor quando o Benfica ganha. Isso é meio caminho andado para começar a ganhar", começou por dizer, antes de falar de algumas fragilidades das águias a nível competitivo nos últimos tempos.

"A direção parece menos interessada em defender o Benfica do que em defender-se dos benfiquistas. O Benfica já era democrático antes do país ser. Há inúmeros problemas. O João Noronha Lopes fez um resumo perfeito: bons a formar, rápidos vender e maus a contratar. Nos últimos 6 anos, pós-Alcochete, o Sporting ganha 3 campeonatos. O F. C. Porto intervencionado pela UEFA ganhou dois. O Benfica, com grande saúde financeira, como nos dizem, ganha um", sustentou.

O humorista garantiu, ainda, que não terá qualquer tipo de cargo numa eventual vitória de Noronha Lopes: "O meu lugar no Benfica... tenho aqui o cartão. É no piso 0. É um título fundador que comprei em 2004 e que mantenho. O João Noronha Lopes sabe, eu já lhe disse... eu apoio, conte comigo, mas a partir do dia em que ganhar as eleições... eu não sei fazer mais nada. A minha cadeira é aquela", afirmou, antes de falar da gestão dos treinadores.

"É uma navegação à vista, errática. Quando todos percebiam que Schmidt não ia aguentar, ele é mantido. Lage? Não faço ideia. No final da outra época, o presidente Rui Costa disse a todos que obviamente que era Schmidt e depois ao fim de 4 jogos acabou".

A atmosfera em comparação às eleições de 2020 também foi um dos temas: "Achei que estava mais gente, mais vibrante. Há muitos benfiquistas notáveis, que salvaram o clube, como Vilarinho, que estão aqui sem uma coisa que havia durante muito tempo: medo de apoiar a oposição. Criticar a direção do Benfica não é criticar o Benfica. Criticar o primeiro-ministro ou o presidente da República não é criticar Portugal. Toda a gente tolera que eu diga o que me apetece sobre o presidente da República, mas parece criminoso dizer alguma coisa sobre o presidente do Benfica", referiu, considerando que os adeptos começam a ficar saturados.

"As pessoas começam a ficar saturadas de períodos como os últimos 6 anos, de promessas. Ainda por cima contra adversários enfraquecidos, sem desprimor para Sporting e FC Porto. Olhamos para as contas e percebemos que o Benfica investiu muito mais", acrescentou.

Por fim, Ricardo Araújo Pereira considerou que várias candidaturas poderão dividir votos e que as eleições deveriam ser antecipadas: "qualquer direção que seja eleita vai ter de que lidar com escolhas que não são suas", ponderou, delineando, de seguida, as diferenças nas competências para se ser jogador e presidente.

"Rui costa foi um grande jogador. Sei de cor um comentário que um comentador italiano faz sobre o passe que o Rui Costa faz para o Isaías num Benfica-Parma, no Estádio da Luz. Isso nunca esteve em causa. Há um perceber de futebol para ser jogador e um perceber de futebol para ser presidente. O Maradona era um grande jogador e não foi um grande treinador. Mas eu compreendo o Rui Costa. Em casa sou igual. Em casa faço o papel que o Rui Costa fez no Benfica de Vieira. Eu assino os papéis que me põem à frente, nunca sei onde está nada... não tenho capacidade para ser presidente do Benfica e acho que ele também não", atirou.