O próximo selecionador nacional admira Johan Cruijff e, apesar de ser espanhol, nunca treinou em Espanha. Estudou gestão e marketing, adora presunto e o grande ídolo é o pai, que também foi treinador do futebol.
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Ainda não é oficial mas, aparentemente, está por horas. Roberto Martínez vai render Fernando Santos no comando técnico da seleção nacional e vai ser o segundo estrangeiro a treinar a equipa das quinas, depois de Luiz Felipe Scolari. O treinador espanhol, que aceitou o convite da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) depois de, garantem em Espanha, ter rejeitado um regresso ao Everton, terá como primeira missão apurar Portugal para o Campeonato da Europa de 2024. Para lá chegar, a seleção terá primeiro de passar a fase de qualificação, num grupo onde estão também Bósnia-Herzegovina, Islândia, Luxemburgo, Eslováquia e Liechtenstein.
Nunca treinou em Espanha e é fã de Johan Cruijff
Roberto Martínez nasceu em 1973 em Balaguer, município de Lérida (Catalunha). Fã da Real Sociedad de Toshack, do Valladolid de Maturana e do Milan de Sacchi, foi acabou por ser o futebol de posse do Barcelona de Johan Cruijff que o fascinou. O espanhol tornou-se mesmo um enorme fã do treinador e, mais tarde, o destino fez com que se conhecessem: Roberto passou a ser uma espécie de afilhado de Cruijff, depois de partilhar casa com o filho Jordi, quando este jogava no Manchester United.
Em 1995, com 22 anos, Martínez jogava como médio nas divisões inferiores espanholas, depois de várias temporadas na equipa B do Saragoça. Pouco depois, regressou ao clube da terra e, quando juntava o futebol com o curso de fisioterapia, recebeu uma chamada que lhe mudou a vida: dos arredores de Manchester, Dave Whelan ligou-lhe e convenceu-o a assinar pelo Wigan, que militava no 4.º escalão do futebol inglês. Roberto Martínez fez as malas e, juntamente com Seba e Díaz, acabaram por rumar a Terras de sua Majestade, onde ficaram conhecidos por "Three Amigos" ("Os Três Amigos"). Roberto foi o único que continuou por Inglaterra e, depois de seis épocas ao serviço do Wigan, passou pelos escoceses do Motherwell, pelo Walsall, Swansea e Chester City. Com 33 anos, regressou ao Swansea como treinador-jogador mas acabou por trocar os relvados pelo banco, depois de também ter tirado uma pós-graduação em gestão.
Martínez sempre implementou um estilo ofensivo e, depois de bons resultados pelo Swansea, o treinador voltou a cruzar-se com Dave Whelan para orientar o Wigan, que já estava na Premier League. O técnico aceitou - e até terá recusado um convite para ser adjunto de Alex Ferguson no Manchester United - e fez história em 2012/13 ao vencer a Taça de Inglaterra, apesar do clube ter sido despromovido. Na época seguinte, assumiu as rédeas do Everton e até começou bem - conseguiu o recorde de pontos no clube na primeira época - mas acabou despedido em maio de 2016. Roberto não ficou sem trabalhar durante muito tempo: a federação belga apreciou o trabalho do treinador e acabou por contratá-lo e os resultados foram bons: no Mundial da Rússia, levou a seleção de Lukaku, Kevin De Bruyne e companhia a um terceiro lugar, depois de afastar o Brasil. Mas, no Campeonato do Mundo de 2022, não passou a fase de grupos e acabou por rescindir.
Adora presunto e tem o pai como ídolo
Viciado em trabalho, Roberto deixou a Espanha há muito tempo e, por isso, sempre que pode, mata saudades das iguarias. Adora presunto e café e considera o pai, que também foi treinador de futebol, um ídolo. O sonho de Roberto sempre foi o futebol mas também tinha como grande objetivo abrir uma sapataria. Além do desporto, Martínez gosta de aprender e, para se aperfeiçoar no inglês, tirou uma pós-graduação em Marketing na Universidade de Manchester e chegou a ser comentador da liga espanhola na Sky Sports.