Roberto Martínez: "Onde os nossos jogadores jogam não é importante para ajudar a seleção"
Roberto Martínez, selecionador nacional, fez o lançamento do jogo entre Portugal e a Hungria, agendado para esta terça-feira, às 19.45 horas.
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"O aspeto emocional é importante em todos os jogos. O grupo está calmo, muito focado, está a trabalhar bem e percebe a força que temos quando jogamos em casa. Há uma energia no ambiente que o jogador fica com muita vontade de voltar lá. Tentar ganhar o jogo e apurar para o Mundial frente aos nossos adeptos", começou por dizer Roberto Martínez, analisando o estado de espírito da equipa após um jogo sofrido frente à República da Irlanda.
Desse mesmo jogo, o selecionador português até destacou o "desempenho sem bola", que classificou como "exemplar".
"Deixámos a Irlanda sem remates enquadrados, sem cantos e sem lançamentos laterais no nosso campo. Foi um desempenho bom, mas faltou marcar cedo. A equipa atacou, queremos melhor sempre, podemos em todos os jogos, mas o que não podemos perder é o que fizemos sem bola. A resiliência em continuar de fazer no que acreditávamos. O golo da vitória não é azar, nem sorte, é uma jogada à Portugal. Manter a bola, uma qualidade de cruzamento de pé trocado de Trincão incrível e uma chegada na segunda linha de Rúben Neves. Golo merecido. Chegou aos 90+1 minutos? Ainda tínhamos seis para jogar", considerou.
Roberto Martínez desvalorizou ainda o facto de a grande maioria dos golos neste apuramento terem sido apontados por jogadores que atuam na Arábia Saudita: "O golo é consequência do bom jogo e não do jogador individual. Mas o que mostra é que onde os nossos jogadores jogam não é importante para ajudar a seleção. O que importa é a atitude, o compromisso e depois tentar executar aquilo que todos precisam de fazer para ajudar a equipa. Isso não faz parte de jogar numa liga, num país ou noutro. Não tem uma relação entre o golo e onde o jogador joga", afirmou, antes de responder novamente a perguntas sobre as dificuldades contra blocos baixos.
"A nossa média de golos é de uma das maiores seleções do Mundo. Marcamos quase três golos por jogo. Precisamos de valorizar o que fazemos com bola ao detalhe. Não é um problema de marcar golos, a Hungria jogou contra Alemanha e Países Baixos, em casa, e em 180 minutos não sofreram um golo de bola corrida. Nós marcamos dois de bola corrida e uma grande penalidade. Precisamos de avaliar os jogos bem, não é o mesmo marcar de bola corrida ou bola parada. No último terço criamos oportunidades ao nível das melhores seleções do Mundo. Fizemos isso contra Alemanha e Espanha", atirou.
E acrescentou: " Gosto de ver o que vocês escrevem depois dos jogos, contra a Arménia ganhámos 5-0 e era um rival muito fraco. Mas ganharam à Irlanda. Depois quando nós ganhámos à Irlanda no último minuto é porque não conseguimos marcar golos. Precisamos de desfrutar, temos uma seleção que joga futebol muito e bem, jogadores com um compromisso incrível, vamos desfrutar disso".
Quanto à sorte no jogo, essa questão fica para o outro lado. "13 vitórias na fase de apuramento para Europeu e Mundial, que nunca foi feito, será sorte? Pode ser, isso é para vocês falarem. O que a seleção consegue é fruto do trabalho, compromisso e dedicação dos jogadores. Precisamos de mudar, falar do que os jogadores estão a fazer bem e não da sorte do treinador".
Já no que diz respeito às comparações entre Pedri e Vitinha, o técnico espanhol foi contra a opinião do compatriota Luis de La Fuente, que orienta a "Roja".
"Está certo a defender os seus jogadores e o Pedri. Para mim, o Vitinha é o melhor médio do mundo, tal como o João Neves, com um perfil diferente. Em todas as estatísticas, o Vitinha foi o melhor da Champions. Foi o melhor médio da Champions, a maior liga em termos de clubes. Falamos de jogadores top", considerou.
Roberto Martinez deixou ainda no ar a possibilidade de haver alterações no onze: "Podemos esperar, sim, mas já disse que o importante é ter uma equipa com energia e clareza tática ao longo dos 90 minutos. Não é só o onze inicial, mas também o que termina. É importante avaliar os jogadores que fizeram os 90 minutos anteriores, temos de ver se estão preparados para um jogo exigente, a Hungria abre o jogo muito rapidamente. O João Félix vai treinar esta tarde, todos os jogadores estão preparados, tivemos que dispensar o Rafael Leão e o Gonçalo Inácio, costumamos fazer duas ou três trocas no segundo jogo do estágio, faz parte do que trabalhamos".