Piloto francês continua a recuperar no hospital, mas não esquece o acidente terrível que quase lhe tirou a vida no Bahrein. Sobreviver foi "como um renascimento".
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Quem o tem visto, via redes sociais, no hospital, acamado e de mãos engessadas mas sorridente, percebe que Romain Grosjean não se lamenta. Era o que mais faltava também, vistas e revistas as imagens do acidente mais assustador nos últimos anos da Fórmula 1. O carro partido ao meio, fogo por todo o lado, quase 30 longos segundos e ele, enfim, a renascer das cinzas. Esta terça-feira, o piloto francês já fez alguns exercícios, mas a cabeça ainda está naquela pista do Bahrein.
"Vi as chamas em meu redor e lembrei-me do acidente de Niki Lauda. Eu não queria acabar assim. Vi a morte a chegar e não tive outra opção a não ser sair de lá", disse Romain Grosjean, nas primeiras declarações públicas, difundidas pelas emissoras francesas TF1 e LCI. "Acabei por queimar as mãos", acrescentou, como se se tratasse de algo insignificante. E, bem vistas as coisas, é mesmo.
Apesar da situação de vida ou de morte que enfrentou e de toda a tensão associada ao momento, o piloto da equipa Haas lembra-se de tudo com uma memória quase fotográfica. Por exemplo: "O volante não estava lá, provavelmente voou durante o impacto", recorda. E medo de morrer? "Não tinha medo por mim, mas pelos meus familiares, pelos meus filhos, pelo meu pai e pela minha mãe", explica.
Ainda assim, Grosjean tem perfeita noção de que a sua sobrevivência também é consequência de um avanço tecnológico importante que a Fórmula 1 conheceu nos últimos anos. "Sem o halo (sistema de proteção contra acidentes que começou a ser obrigatório em todos os carros a partir de 2018), eu não estaria aqui", assume. Certo é que a existência e a carreira deste francês de 34 anos mudaram naquele instante e nunca mais serão as mesmas. "Ficarei marcado para o resto da vida por este acidente. É como um renascimento para mim".