Valerá Cristiano Ronaldo 96 milhões de euros? O Real Madrid acha que sim e apresta-se a pagar ao Manchester United o preço exorbitante fixado pelo craque. Está iminente a transferência mais avultada da história do futebol mundial.
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O "manager" do Manchester United, a quem caberá a última palavra para selar o negócio, é o mesmo sulfuroso escocês, Alex Ferguson, que, há um ano, no primeiro capítulo do folhetim, disse que "à máfia de Madrid nem um vírus vendia". No Verão de 2008, as primeiras investidas "merengues" por Ronaldo enfureceram o clube inglês, que não gostou da abordagem capciosa ao craque. Nem da forma como o próprio Ronaldo alimentou a novela.
O gigante de Madrid era, então, presidido por Ramón Calderón, entretanto retirado. Sucedeu-lhe Florentino Perez, que já governara o clube, de 2000 a 2006, num mandato marcado por uma equipa que havia de ficar conhecida como "Los Galácticos", tantas eram as estrelas do planeta futebol, de Zidane a Beckham, de Figo a Ronaldo ou Roberto Carlos.
Mal foi reeleito e empossado na "Casa Blanca", no início deste mês, a Florentino Perez logo lhe ocorreu normalizar as relações com o Manchester United. Ele próprio, qual enviado diplomático, tratou de apresentar as credenciais em Manchester. Recebeu-o David Gil, director-geral do clube inglês. E a conversa foi inevitável: "Quer Ronaldo? Custa 96 milhões de euros...".
"Vamos fazer tudo o que é possível para ter Cristiano Ronaldo", entusiasmou-se Perez, que quer formar outra equipa de "galácticos", esses jogadores extremamente caros, célebres e talentosos. Um já está contratatado: o brasileiro Kaká chega do Milan por... 65 milhões de euros!
O francês Ribéry, que o Bayern de Munique diz não vender por nenhum dinheiro deste mundo, o sueco Ibrahimovic, que o Inter "blindou" com uma cláusula de rescisão à volta de 70 milhões, também são alvo da cobiça madrilena. Mas a maior ambição de Perez é mesmo Cristiano Ronaldo.
E o superempresário, dono de um império monstruoso, está mesmo decidido a pagar 96 milhões pelo Bola de Ouro de 2008. Se investe do dele, Perez não o faz por inocente mecenato... Ele sabe que terá retorno, como teve quando, em 2001, pagou à Juventus 75 milhões de euros para ter o francês Zinedide Zidane, naquela que perdura como a transferência mais cara da história do futebol.
Volvidos oito anos, Perez perde-se por Ronaldo, mas sabe que ganhará. Mais do que um futebolista de eleição, o português tornou-se num galã dos estádios, um homo sportivus, lusitano e planeterário. CR7, acrónimo dos nomes de baptismo e do dorsal 7, que veste no United, é uma marca iconográfica, desportiva e comercial, pela qual suspiram milhões e milhões de adeptos. E é por este potencial "marketing" (Ronaldo factura cerca de dez milhões por ano em publicidade...) que Perez e o Real Madrid não olham a meios, nem que tenham que seduzir o genial madeirense com um salário superior aos 7,2 milhões anuais que vence em Inglaterra.
No reino plutocrático da bola, que não conhece a crise, estes investimentos colossais fazem temer pela inflação do mercado. De Barcelona surgem as primeiras críticas. Joan Laporta, presidente do Barça, inquieta-se e acusa o rival de "desregular o mercado".
Ainda ontem , a "Marca" anunciava mais um cartaz da fita: "As superproduções Florentino Perez apresentam o filme do dia: Villa". O mesmo jornal dizia que David Villa, avançado do Valência, melhor marcador do Euro2008, ganho pela Espanha, está a caminho do Santiago Bernabéu, por.... 38 milhões de euros!
E assim vai o "foot-business". Recessão? Qual recessão?