Francisco Salgado Zenha, administrador da SAD e vice-presidente do Sporting, garantiu esta quinta-feira que o clube de Alvalade vai cumprir com as responsabilidades relativamente ao pagamento do valor da contratação de Rúben Amorim ao Braga. "Estamos a fazer uma gestão racional e cuidada", disse.
Corpo do artigo
12076624
A 5 de março, Rúben Amorim foi oficializado no Sporting depois dos leões assumirem o pagamento de dez milhões de euros ao Braga, valor da cláusula de rescisão. Na época, os minhotos emitiram um comunicado à CMVM no qual explicaram que o valor iria ser recebido em duas prestações: a primeira até 6 de março e a segunda até 5 de setembro.
O clube leonino, "num ato de gestão excecional motivado pelo atual estado de emergência", não pagou a primeira prestação, avaliada em cinco milhões de euros (mais 2,3 milhões referentes ao IVA, imposto presente em todas as transferências) - o limite era até 6 de março - com moratória até ao dia 30 sob pena de antecipação do valor global.
Francisco Salgado Zenha, administrador da SAD e vice-presidente da equipa de Alvalade, abordou esta quinta-feira o assunto e recordou a situação mundial atual, bem como o lay-off anunciado.
"Estamos numa situação, a passar um contexto nunca antes visto, e é absolutamente ridículo andarmos a falar em atrasos de pagamentos a fornecedores de menos de um mês ou quinze dias. O Sporting, pela primeira vez na história, anunciou um lay-off. Não é o único, é um país inteiro, um mundo inteiro. O FMI acabou de anunciar que Portugal terá a maior quebra de sempre do PIB. Estamos a falar de um contexto completamente anormal. Ou não se percebe em que contexto se está ou não se percebe como é gerir uma empresa. Temos feito uma gestão séria e preocupada, tendo em conta o contexto", começou por dizer em entrevista à Sport TV, recordando que os leões "nunca falharam nenhum pagamento" antes do estado de emergência.
"Não entro em detalhes de contrato. Se o Braga faz... Eu não faço isso. De uma forma genérica, o Sporting não falhou nenhum pagamento relevante, relativo a acordos com determinada importância, deste estilo, antes do estado de emergência. O Sporting pretende cumprir com as responsabilidades, estamos é a fazer uma gestão racional e cuidada. O que surgiu depois da crise alterou a nossa postura. Tudo o que foi antes da covid-19, cumprimos. Se houve alteração do pagamento, foi por alteração do contexto. Está previsto na lei alterações de circunstâncias fundamentadas por alterações anormais de contexto, após assinatura de contrato. E não existe alteração mais anormal do que esta", acrescentou, considerando que alguns clubes fazem "pressão".
"Eu também tenho fornecedores que me estão a falhar pagamentos há meses. Tenho clientes que já me disseram que querem alterar condições que já estão assinadas. Determinados clubes esquecem o contexto e tentam jogar com os media para criar pressão. Não sei se o Braga está ou não. Mas num dia em que anunciámos um lay-off, se o está a fazer é mau para todos. Fomos claros com todos os fornecedores: há um contexto novo", concluiu.
Rúben Amorim, de 35 anos, chegou ao comando técnico da equipa principal do Braga em dezembro, depois de uma passagem pela equipa B dos minhotos. Em março, depois de ter conquistado uma Taça da Liga, foi contratado pelo clube de Alvalade por dez milhões de euros, valor que o torna no terceiro treinador mais caro do mundo, apenas atrás de Brendan Rogers - que custou 10,5 milhões ao Leicester em 2018/19 - e André Villas-Boas, que rendeu 15 milhões de euros ao F. C. Porto na altura em que assumiu o Chelsea em 2011.