Rúben Semedo, internacional português, lembrou os tempos em que foi detido em Espanha, em 2018, quando jogava no Villarreal. O central falou abertamente sobre o tema e recordou, ainda, que o "irmão" Gelson Martins foi o único jogador a visitá-lo.
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Numa entrevista ao jornal "Marca", de Espanha, Rúben Semedo, entre vários temas, falou sobre os tempos difíceis que viveu no país vizinho, em 2018, quando foi detido com base em acusações de tentativa de homicídio, agressão, ameaças, posse ilícita de arma e roubo com violência. Ao todo, o central esteve quase cinco meses em prisão preventiva. No entanto, garante que sempre pensou que iria continuar a jogar futebol.
"Óbvio, mas eu também cantava, ia à escola, trabalhava, ou seja, tentava que o mau fosse o menos mau, então tentava fazer um pouquinho de tudo para ocupar a mente. Fui a três ou quatro finais na minha vida e perdi-as todas. Não imaginas, é complicado e duro. Um futebolista que vai para a prisão e que perdeu todas as finais... Sempre tentei procurar coisas para que fosse menos mal, porque estar na prisão é mau, queria que fosse mais suave. Os dois primeiros meses foram muito complicados, mas ainda que não acreditem, no final estava bem. Estudava, cantava, trabalhava e jogava futebol e, nesses momentos, estava bem. Não acreditava nem via que estava na prisão, mas obviamente que noutros momentos, sim, era complicado”, explicou.
Quando questionado, o internacional português disse ter sentido medo: "Sim, óbvio, desde o primeiro dia. É algo a que não estava habituado, como se vê nos filmes e tudo, muito medo. Eu, pessoalmente, não vivi, mas vi muitas coisas e assustam, obviamente que assustam. O que se passa é algo que não podes explicar”, afirmou.
Durante esse período, o que marcou mais o central não foi tanto o que viu, mas sim o próprio dia-a-dia, onde há sempre alguém que diz a que horas comer, dormir e o que pode fazer ou não.
"Há homens de 30 ou 40 anos a ouvi-lo e a fazê-lo e a rotina mata, é isso que te digo. Fazer todos os dias o mesmo e no final não tens liberdade para pegar num telemóvel e ligar à tua família, sair ou comer fora... Aquilo que eu mais senti falta não foi jogar futebol, era estar em casa a ver Netflix ou a jogar às cartas, beber um vinho, não sei, conviver com a família ou com as pessoas de quem gostas”, comentou.
Rúben Semedo garante ter recebido "muitas cartas" e o apoio dos colegas de profissão, mas um, em especial, mostrou-se muito próximo: "Tenho um muito bom amigo, que jogou no Atlético de Madrid, Gelson Martins. Ele foi visitar-me, dos meus colegas do futebol foi o único. Não é um colega, é meu irmão, adoro-o imenso. Não vou chorar, como é óbvio”, rematou.