Rúben Semedo: "Todas as decisões que tomamos, no final são o que decide o teu destino"
Rúben Semedo, internacional português, falou sobre a carreira e a dolorosa passagem no Villarreal, em Espanha, onde esteve detido. O central disse sentir-se sozinho e que acabou por se perder. "Não escolhi as melhores pessoas para estarem ao meu lado, mas também não digo que me arrependo, fez-me crescer", atirou.
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Numa entrevista ao jornal "Marca", de Espanha, Rúben Semedo, a atuar no Al Khor, do Catar, abriu o livro e falou sobre as experiências no mundo do futebol. Representou Sporting, F. C. Porto, Rio Ave, Olympiacos, vários clubes do Médio Oriente, mas é no país vizinho, mais precisamente no Villarreal, que guarda a maior mágoa.
O central, de 30 anos, recordou a detenção, em fevereiro de 2018, em Espanha, com base em acusações de tentativa de homicídio, agressão, ameaças, posse ilícita de arma e roubo com violência, admitindo que, a dado momento, não tomou as melhores decisões para escolher com quem andar.
"A verdade é que eu estava perdido, passei de ganhar 10 euros a 100 e perdi-me com gente que conheci. Sempre disse que foi culpa minha, porque eu aceitei que essa gente entrasse na minha vida. Não escolhi as melhores pessoas para estarem ao meu lado, mas também não digo que me arrependo, fez-me crescer e aprender. Com esta idade, 30 anos, sou um homem realizado. Obviamente que queria ter outro tipo de histórias para contar no Villarreal, um clube do meu coração. Não me arrependo de nada, mas obviamente que cometi erros e oxalá que sirvam para que outros aprendam”, começou por dizer.
E acrescentou: “É como tudo, no final há pessoas que querem ter fama ou dinheiro, mas sem trabalhar. Essa gente é sempre mais acessível e, se abres a porta da tua casa, é mais fácil que entrem, mas no final são tudo decisões. Todas as decisões que tomamos, grandes ou pequenas, no final são o que decide o teu destino".
O internacional português explicou, ainda, que apenas procura preencher um certo vazio causado pela mudança, completamente sozinho, para outro país.
"Podem não acreditar, mas o que eu procurava não era nada mais do que companhia, ter alguém ao lado. Quando fui para o Villarreal, fui sozinho. Em muitas das experiências que eu tive fora [de Portugal], estive sempre sozinho, não porque a minha família queria, mas porque eu não os deixava [vir], não os queria perto para não os preocupar. Não gosto de partilhar os meus problemas com ninguém, é um problema que sempre tive. No final, como disse, são decisões e quando alguém toma uma tem de aceitá-las e assumir as consequências que vêm, boas ou más. Agora estou bem”, garantiu.
Atualmente, com 30 anos e outra experiência, Rúben Semedo fala sobre as aprendizagens e convicções que guarda consigo: "Temos de nos agarrar àquilo em que acreditamos e há pessoas que te amam de verdade. Eu sempre acreditei que aquilo que Deus coloca no teu caminho, seja o desafio que for, é sempre para tornar-te mais forte. Ou seja, há uma frase em português que traduzida diz: ‘Deus dá as grandes batalhas aos seus melhores soldados’ e eu sempre acreditei nisso. É uma forma que levo para encarar os desafios", atirou.