
Rui Costa
Pedro Rocha / Global Imagens
Candidato à presidência do Benfica falou, esta segunda-feira, à Benfica TV, defendendo que está de acordo com a revisão dos estatutos e a limitação de mandatos. Quanto à continuidade de Jorge Jesus, foi perentório: "não está minimamente em causa".
"A renovação tem a ver com homens da minha confiança. Entraram três, mantiveram-se três. Três deles que tinham entrado apenas em outubro. Isto implica serem nove pessoas de uma equipa de trabalho que me dá total garantia das ideias e que são pessoas da minha confiança. Percebo que as pessoas, por causa do que se passou com o ex-presidente, se quisesse de uma forma ou outra uma razia, à semelhança de um ano que corre mal no futebol e pede-se que saia tudo. Acontece que sou eu quem está à cabeça, preciso de ter a meu lado pessoas de confiança. Isso não implicava uma mudança, como foi falado por muita gente. Construí uma equipa que dá as garantias que preciso, são de confiança, estarei bem salvaguardado", começou por dizer.
O atual presidente dos encarnados afirmou que concorda com a revisão dos estatutos e com a limitação de mandatos. "É algo que entrará na revisão dos estatutos. Estou de acordo. A última foi em 2010 e tem de ser atualizada, ir ao encontro dos interesses dos adeptos. Estou de acordo com a limitação de mandatos. Será feita. Parece que é das coisas mais prementes, não considero que seja, mas será um documento a pegar".
Sobre Luís Filipe Vieira recusou-se a assumir responsabilidades. "Assumirei sempre as minhas responsabilidades nos meus pelouros, responsabilidades objetivas. Não posso assumir em coisas que não tenho responsabilidades. Há sempre dúvidas se éramos ou não cúmplices. Ainda ninguém foi acusado de nada. Até prova em contrário temos de esperar. O meu nome não foi tido nem achado, por alguma razão será. Não posso assumir responsabilidades por algo que não tenho responsabilidade", referiu.
Rui Costa aproveitou para garantir que a continuidade de Jorge Jesus não está em causa. "Jorge Jesus é o treinador de todos os benfiquistas. Não está minimamente em causa. Fizemos um início de época com a pujança que se pretendia, com quatro pontos na Champions, sete boas jornadas. Estamos num início de fase que acreditamos que será positiva".
Quanto ao plano de conquistas, o líder máximo das águias misturou um discurso ambicioso com uma projeção mais fria quanto à atual realidade. "A ideia é sempre ganharmos. Não tem sentido prever ganhar um, dois campeonatos, o que seja. Vamos lutar para ganhar as variadas competições, não só campeonatos. Esta semana houve um bom exemplo do que pretendo. Estamos bem encaminhados na Champions, iniciámos muito bem o campeonato, mas ao mesmo tempo temos o que queremos todos para o Benfica. Tivemos uma vitória internacional ante o Barcelona que foi maravilhosa. É esse tipo de noites que quero, mas sei o quanto é difícil chegar a uma final da Liga dos Campeões. Quero que as nossas equipas tenham este comportamento, mesmo com as dificuldades em enfrentar colossos".
A presença de jovens no plantel também foi outro dos assuntos que mereceu destaque. "Os jovens têm que fazer para lá chegar. Temos que ser pacientes com o crescimento deles dentro do plantel principal. Deve ser atribuída responsabilidade ao jogador e ao empresário. O jogador não pode ser vendido se fizer parte dos planos futuros do clube. Quando promovemos um jovem, temos o intuito de vê-lo afirmar-se na equipa principal. O plantel terá sempre jogadores da formação, independentemente do treinador. Há treinadores que apostam mais cedo, outros mais tarde, mas haverá sempre espaço na equipa principal, como podemos ver este ano novamente."
"Perdi muitos jogadores que nos podiam acrescentar enorme valor. Nós temos que, em todos os sentidos, ser mais céleres na busca de alguns jovens, ser mais seletivos na contratação, ser cada vez maiores na Europa para sermos mais atrativos. Há jogadores que não vêm para o Benfica porque não querem jogar na Liga Portuguesa".
Rui Costa deixou claro que as mudanças nas infraestruturas são um objetivo. "Há um núcleo de infraestruturas que queria desenvolver, ajustar. Mas há um princípio bem claro. Em nenhuma destas obras, que podem custar muito, vou abdicar de ter as equipas de futebol e de modalidades fortes. Não vou tirar competitividade às equipas para fazer obras exteriores. Temos que nos modernizar, estamos todos de acordo, creio. O novo centro de estágio é uma necessidade. Para além das equipas de futebol, masculinas e femininas, temos muito pouco espaço, mesmo no Seixal. Já conversei com as jogadoras sobre isso. Não há possibilidade de dar condições às equipas femininas para estarem só no Seixal. Somos o único clube que compete em cinco modalidades, ao contrário dos rivais. Com dois pavilhões, é quase impossível dar boas condições de trabalho. Obriga a que estejamos espalhados por Lisboa, a alugar pavilhões, a trabalhar em casas que não são nossas. Quero mudar isso".
Já perto do fim, Rui Costa falou sobre o possível regresso do ciclismo. "Sim, agrada-me ouvir as pessoas a pedir ciclismo. Vai ao encontro da raiz popular do clube. Faz parte da nossa história. Estou dependente de arranjar um patrocinador para avançar. Desde que sinta a confiança de que é possível lutar por troféus, avanço. Até lá, vou esperar por um patrocinador, com a esperança de vir a ganhar Voltas".
