No dia em que os adeptos do F. C. Porto se despediram de Fernando Gomes, o jornalista Rui Miguel Tovar escreve sobre um dos grandes ídolos do futebol português.
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Nasce em Campanhã, mesmo ao lado do Estádio das Antas, e cresce a ir para o estádio de mão dada com o pai. O seu amor pelo clube ganha outra dimensão em 1970, quando é inscrito no F. C. Porto. É campeão nacional de juvenis (1973, com um golo vs. Benfica na final) e juniores (também em 1973, vs. Sporting) antes de subir aos seniores.
Lançado pelo brasileiro Aimoré Moreira, o avançado estreia-se com um bis vs. CUF (2-1). Dez dias depois, marca ao Wolverhampton o primeiro golo internacional, para a Taça UEFA. Só tem 17 anos de idade. Aos 18, deixa a sua marca nos clássicos vs. Benfica e Sporting. Aos 21, é o herói da final da Taça de Portugal (1-0 vs. Braga) e ainda se sagra melhor marcador da 1.ª Divisão, com 26 golos, dos quais seis num 8-2 vs. Atlético.
A Bola de Prata é reconquistada em 1978, ano em que o F. C. Porto acaba com o jejum de 19 anos sem o título de campeão nacional. Em 1979, mais um campeonato e outra Bola de Prata. Falhado o tri em 1980, Gomes aproveita para emigrar. Escolhe Gijón, em Espanha. No segundo jogo, marca os cinco golos da vitória vs. Oviedo (5-1). Chega à final da Taça do Rei e volta ao F. C. Porto como promessa eleitoral de Pinto da Costa.
O regresso é épico, com 198 golos em 260 jogos. Pelo meio, mais três Bolas de Prata e duas Botas de Ouro, como melhor marcador europeu, em 1983 e 1985 (daí a alcunha "Bibota"). A título coletivo, conquista a Taça dos Campeões-1987 e, como capitão, levanta a Taça Intercontinental, em Tóquio, onde marca um dos golos vs. Peñarol. Suspenso do F. C. Porto em 1989 por conduta imprópria, Gomes assina pelo Sporting, aos 32 anos de idade. Como carta eleitoral de Sousa Cintra. Quando sai de cena, acumula 317 golos na 1.ª Divisão (terceiro melhor registo de sempre, atrás de Peyroteo e Eusébio) e mais de 600 jogos, sem ver um único vermelho.