O filho do antigo treinador José Maria Pedroto foi apresentado, esta segunda-feira, como vice-presidente para os projetos sociais da lista de André Villas-Boas e, durante o discurso, afirmou que o F. C. Porto perdeu muitos milhares de sócios nos últimos anos, além de recordar alguns dos ensinamentos do mestre.
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“Espero que este calor humano se transmita no dia 27 e que estejamos lá todos para dar início a uma nova era no F. C. Porto”, começou por dizer Rui Pedroto.
“Feliz por ter aqui a minha família e tantos portistas. Portuense e portista tornei-me sócio há 48 anos e evoco aqui a saudosa memória do meu pai, que nos deixou precocemente em 1985. O seu percurso como jogador e treinador fica na história do desporto português. Recordo o educador e o clima de concórdia que sempre foi apanágio na nossa família. Irreverente na atitude e polémico no dizer, mas sem laivos de vaidade. Homem íntegro e sem medo, do norte por nascimento e portuense por adoção. Combateu sempre o centralismo”, acrescentou, antes de explicar a razão pela qual aceitou o convite de André Villas-Boas.
“Foi um homem de conquistas no F. C. Porto, ganhando tudo o que era possível. Preparou longamente a sua candidatura, agregou vontades de portistas de todos os quadrantes e lidera uma equipa de pessoas competentes, portistas indefetíveis. Encara os problemas de frente e compromete-se a lançar o clube para uma nova vida. É uma candidatura imune às ambições pessoais, que não se compromete com as circunstâncias do tempo”, salientou.
Garantindo que as conquistas do reinado de Pinto da Costa “não serão esquecidas”, detalhou as diferenças que vê em relação à candidatura do presidente portista dos últimos 42 anos.
“Nos 50 anos do 25 de Abril, esta é uma candidatura corajosa, sem mordaças, de homens e mulheres sem medo, que não olha à condição dos portistas. Recusa ataques pessoais, uma candidatura transparente que quer um clube com janelas de vidro. O F. C. Porto é e será sempre dos sócios que, como dizia o meu pai, não são o 12.º jogador, são o primeiro. Queremos um clube forte e competitivo em todas as modalidades, que defende o fair-play com todos os adversários, mas que jamais se verga”, pediu.
“O clube tem perdido milhares de sócios nos últimos anos, muitos foram injustamente esquecidos ao longo destes anos. A atribuição das rosetas de prata e ouro deve ser uma cerimónia digna, com a presença dos mais altos representantes do clube”, criticou, antes de abordar a função que terá, em caso de vitória da Lista B no dia 27.
“A criação da Fundação F. C. Porto. Será submetido à Assembleia Geral para a sua criação. A pobreza subsiste e entre muitos milhares de portistas haverá quem sofra destes problemas e a Fundação irá servir, em primeiro lugar, os associados em situação vulnerável social ou económica, mas não esquecerá os jovens atletas do F. C. Porto, com a criação de bolsas de mérito escolar. Os ex-ateltas serão alvo da nossa atenção, porque muitos atravessam situações complexas e o mínimo que podemos fazer é ajudar a que possam viver com dignidade, tal como os atletas em final de carreira, sendo apoiados na escolha da vida futura”, disse.
“Tenho a certeza que o meu pai sentiria uma enorme alegria por me ver aqui a acompanhar o André”, finalizou, no discurso, antes de, no momento de perguntas e respostas, revelar uma das memórias que o marcam até hoje.
“Ter visto a final da Taça das Taças, em Basileia, ao lado do meu pai. O meu pai já estava no trânsito final da sua vida e com ele no banco talvez não tivéssemos perdido. Atenção que tenho todo o respeito pelo António Morais, também já falecido, e longe de mim pôr em causa a sua competência, mas digo isto por causa daquilo que o meu pai significava para os jogadores”, defendeu.
“Tenho para mim que o caráter se forja nas dificuldades e a integridade é a coisa mais importante que temos na vida e foi isso, entre muitas outras coisas, que guardo do meu pai”, recordou.