O português Rui Sousa (Efapel) venceu esta sexta-feira a segunda etapa da Volta a Portugal em bicicleta, com o suíço Marcel Wyss (IAM Cycling) a subir à liderança da 75.ª edição da prova.
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No final dos 187,2 quilómetros, entre Oliveira de Azeméis e o alto de Santa Luzia, em Viana do Castelo, Rui Sousa foi o mais forte e bateu Mateo Fedi (Flaminia) e Aleksejs Saramotins (IAM Cycling), beneficiando ainda do engano no percurso do compatriota Joni Brandão (Efapel) e do búlgaro Danail Petrov (Caja Rural) nos metros finais.
Na geral, o suíço Marcel Wyss subiu à liderança, com quatro segundos de avanço sobre César Fonte (Efapel) e Rui Sousa.
A estratégia da equipa de Carlos Pereira levantou polémica, já que foram os seus homens que anularam a fuga do seu colega Joni Brandão, que seguia na companhia de Danail Petrov (Caja Rural), mas as dúvidas foram desfeitas pelo feliz vencedor, que explicou nada saber quanto à situação de corrida.
"Eram dez na frente, não sabia quem ainda lá ia. Quando chego à reta final, vi que o Joni ia na frente e tinha algum espaço. Fiquei numa situação desconfortável, porque não sabia que ele ia isolado. Ainda hesitei, mas quando caíram acelerei", esclareceu o ciclista de Barroselas que, aos 37 anos, alcançou mais um sonho, o de ganhar em Viana de Castelo.
Num final de etapa confuso, Brandão, que foi alcançado por Petrov na subida rumo à contagem de terceira categoria, que coincidia com a meta em Santa Luzia (Viana do Castelo), chocou com o búlgaro da Caja Rural, depois de se enganar na direção da corrida, com os dois a caírem e a serem ultrapassados por um pelotão fragmentado, comandado pelos candidatos à geral.
Aí, Rui Sousa, respondendo a um trabalho magistral da Efapel-Glassdrive, foi mais forte, acelerando para tentar juntar "o útil ao agradável" e ganhar segundos à concorrência, ao mesmo tempo que festejava a terceira vitória mais saborosa da sua carreira, depois das conquistadas na Senhora da Graça e na Torre.
"O algodão não engana: quem está bem, está bem, quem não está... Eu pessoalmente estou muito bem. Respondi a todos os ataques, sobretudo dos homens da OFM, que foram os que mais atacaram. Vi que os outros iam justos e ataquei", disse o agora terceiro classificado da geral, que ganhou preciosos 15 segundos a Hugo Sabido (LA-Antarte).
Depois do passeio tranquilo da véspera, o pelotão quis mostrar que o atraso superior a uma hora na primeira etapa se deveu, não a uma apatia generalizada, mas sim ao vento de frente que esta sexta-feira não apareceu e permitiu que, decorrida a primeira hora desde a saída de Oliveira de Azeméis, já tivessem sido cumpridos 46 quilómetros.
Para a elevada média muito contribuiu a fuga de dez homens, formada aos 14 quilómetros, pelo campeão nacional Joni Brandão (Efapel-Glassdrive), os "habitués" Jay Thomson (MTN-Qhubeka) e Marc De Maar (UnitedHealthCare), Javier Ramirez (Rádio Popular-Onda), Karol Domagalski (Caja Rural), Maxime Daniel e Paul Poux (Sojasun), Reto Hollenstein (IAM Cycling), Sébastien Duret (Bretagne) e Alfredo Balloni (Ceramica Flaminia).
Indiferentes ao muito calor que se fez sentir - e as promessas para os próximos dias são de temperaturas ainda mais elevadas -, os fugitivos colaboraram na perfeição, conseguindo estabelecer uma vantagem que, durante grande parte dos 187,2 quilómetros, rondou os oito minutos.
Na aproximação a Viana do Castelo, as equipas portuguesas assumiram a perseguição, de modo a permitirem que, já esta sexta-feira, fossem criadas diferenças na geral. Estava, assim, condenada ao insucesso a tentativa dos dez da frente, mas Joni Brandão tinha uma ideia diferente.
O campeão nacional impôs um ritmo que ninguém conseguiu acompanhar, mantendo-se na frente até que o trabalho da sua equipa o apanhou. E a culpa da estratégia dúbia da Efapel-Glassdrive é, de acordo, com vencedor e diretor desportivo, da ausência de comunicações, abolidas das corridas nacionais.
O trabalho da formação cor-de-rosa só não foi perfeito, porque a camisola amarela foi parar ao corpo do suíço Marcel Wyss, que se estreou como profissional precisamente na Volta a Portugal de 2008 e que hoje lançou a sua candidatura à vitória final.
"Sei quão fortes são as equipas aqui, mas estou forte. Sei que é muito duro, que há muitos candidatos. Há tantos bons corredores, tenho um grande respeito por eles, sei que estão muito motivados por correr em casa", destacou o ciclista da IAM Cycling que, aos 27 anos, se assume como um corredor de provas por etapas, apesar do seu bom currículo em contrarrelógios.
O suíço, que lidera com quatro segundos de vantagem para César Fonte (Efapel-Glassdrive) e Rui Sousa, tem este sábado a oportunidade de desfilar a sua amarela na terceira etapa, que liga Trofa a Fafe, na distância de 165,8 quilómetros.