Um ano depois do Genoa, o outro grande de Génova também desceu, está em risco de desaparecer e anseia um salvador.
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Ao longo de vários séculos, Génova foi o que de mais parecido houve com o centro do Mundo. Tudo passava por lá, com a cidade a beneficiar da localização privilegiada para receber e enviar mercadorias, atracar navios e levar influência a todo o lado. Nessa altura, o futebol ainda não fazia parte da vida, logo não havia nada de muito importante a dividi-la. Até que em 1893, fundou-se o Genoa e cerca de 50 anos depois, nasceu a Sampdoria; e a partir daí Génova também passou a ser conhecida por dar guarida a dois dos clubes mais importantes do Calcio, campeões e protagonistas de uma rivalidade que, ultimamente, conheceu algum descanso devido às situações complicadas de ambos, com problemas que nunca mais acabam. Há dois anos, o Genoa, entretanto regressado à Serie A, teve quem o resgatasse do fundo do poço, agora é a Sampdoria, acabada de descer ao segundo escalão, que implora por um salvador.
Entre as poucas coisas que os unem está também o estádio Luigi Ferraris, que partilham desde sempre e que, nos últimos anos, tem levado com todas as angústias, todos os desabafos e todos os protestos dos adeptos dos dois clubes, compreensivelmente preocupados. Não era só no campo que as coisas corriam mal, fora dele acumularam-se dívidas e dúvidas perante tanto escrutínio judicial e até a própria sobrevivência não era garantida. A Sampdoria deu mais luta, mas acabou também por sucumbir e pagar caro tanto destrato. Para já, as consequências são apenas desportivas, só que a queda da elite pode ser o início de algo muito pior.
Bem real é a possibilidade de a "Samp", que Gianluca Vialli, Roberto Mancini, Pagliuca e outros colocaram no topo da Europa no início da década de 1990, não ter como se inscrever na Serie B, devido aos problemas financeiros e administrativos que a atormentam e que se acentuaram desde que Massimo Ferrero se viu obrigado a sair da presidência por suposta fraude, em 2021. O problema é que se tem mantido irredutível em vender o clube que comprou em 2014 - e propostas não têm faltado - e mesmo agora não parece haver jeito de o convencer do contrário, apesar de toda a contestação e até de cartas ameaçadoras, com balas incluídas.
Ora, a manter-se a teimosia de Ferrero é improvável que a Sampdoria tenha pernas para se aguentar de pé e meios para juntar à volta de 40 milhões de euros, a quantia que, de acordo com a imprensa italiana, precisa para não entrar em falência, o que implica o fecho de portas, uma eventual refundação e um desconsolado recomeço na quarta divisão. O Genoa salvou-se, a Sampdoria pode não ter tanta sorte.