Uma malha fresquíssima, mais três milímetros de sola e ainda assim mais leveza do que as irmãs mais velhas: as Saucony Kinvara 14 afastam-se da sensação minimalista. E lentificam-se.
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Há um ano, quando calçámos as Kinvara 13, chegámos a questionar se aquilo eram meias com sola, dada a sensação de leveza no pé. As Kinvara 14 foram mais longe: serão meias de vidro sobre almofadas altas. Perderam 13 gramas no modelo médio masculino e nove no feminino, atingindo uns inimagináveis 200 e 175 gramas, respetivamente.
A tecnologia de espuma PWRUN+ passa da sola para a palmilha, reforçando o amortecimento, e a malha de camada única é extremamente larga, deixando arejar e sair a água que eventualmente entre. Nota positiva para o material refletor que sobressai dos favos da malha, evitando as antigas aplicações fluorescentes que pesavam sempre mais um pouco. E a língua da mesma malha sente-se como um prolongamento da forma, ajustada sem apertar com cordões ligeiramente elásticos. Uma imitação de camurça ajuda a reforçar o colar à volta do pé, enquanto o calcanhar é discretamente acomodado com um reforço mínimo.
Mínima é também a borracha inferior, que se limita a duas pequenas zonas que a marca entende ser de desgaste mais rápido. Tudo contribui para eliminar o peso da sapatilha, que ficou mais longe do chão na sensação, mas mais perto da estabilidade. Quer isto dizer que o minimalismo que caracteriza o modelo pode sair ligeiramente comprometido, o que, aos nossos olhos de pseudo atletas, tem importância muito relativa, até porque se mantém aquela característica que apreciamos, um drop muito baixo (4 mm, de 31 para 27 mm do calcanhar aos dedos). Mas, puristas, fica o spoiler.
Há outra coisa que se perde, mas isto é claramente uma opinião pessoal e vale o que vale: as Kinvara 14 parecem mais lentas do que as anteriores. Mas parecem uma companhia mais garantida para treinos longos, dado o reforço de amortecimento. As anteriores deixavam acusar cansaço ao fim de uma dezena de quilómetros, estas não. A sola articulada (com desenho em ranhuras que partem da lateral) também poderá ajudar, uma vez que a adaptação à passada é mais natural, apesar de uma certa dureza.
Alega a Saucony que esta é uma sapatilha para corredores leves com boa técnica de corrida. Nós diríamos antes que é uma sapatilha democrática. Longe das placas de carbono que batem recordes, não deixa de ser um modelo rápido... sem aditivos. E isso, amigos, reflete-se na coisa mais importante desta sapatilha: o preço. Está recomendado nos 140 euros mas já se consegue a menos de 120 euros. É definitivamente uma excelente relação qualidade-preço.
Nota: o produto foi cedido pela marca.