Secretário de Estado sobre Fatima: "Desporto só pode ser instrumento de inclusão"
A 24 horas do próximo jogo entre o Clube de Tavira e o Ferragudo, o secretário de Estado do Desporto acredita que Fatima Habib vai entrar em campo, de acordo com as regras internacionais da modalidade, mas sem violar as suas próprias convicções religiosas.
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"O presidente da Federação Portuguesa de Basquetebol resumiu tudo a um disparate e garantiu-me que está a trabalhar com as partes em confronto para que o conflito seja ultrapassado", disse, ao JN, João Paulo Rebelo.
Surpreendido, quarta-feira, pela notícia, avançada pelo JN em primeira mão, de que a atleta muçulmana, de 13 anos, tinha sido impedida de jogar pela equipa de arbitragem por se recusar a abdicar da camisola de mangas compridas que vestia debaixo do equipamento oficial, o governante, relatou ao nosso jornal que procurou inteirar-se da situação. "Ouvi a notícia replicada na rádio e confesso que a minha primeira perceção foi a de que tudo não poderia passar de um mal-entendido, porque o desporto só pode ser um instrumento de inclusão", explicou João Paulo Rebelo, confiante que sobre a atleta não cairá qualquer responsabilidade e que, amanhã, "tudo vai correr dentro da normalidade".
Versões desencontradas
Na denúncia da alegada discriminação à menina paquistanesa, que vive há quase cinco anos em Tavira, onde joga basquetebol há três épocas, tanto o clube como o treinador sublinharam que a equipa de arbitragem frente ao Imortal só não admitiu a camisola justa, de cor preta, que Fatima vestia debaixo do equipamento. Em resposta, a Federação garantia que o problema teria estado "no lenço pendurado na cabeça que tapava o número da camisola nas costas". Já a Associação de Basquetebol do Algarve justificou que a camisola "era comprida e larga" e não cumpria as regras.
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Clube "satisfeito" com respeito pelos direitos humanos
Na sequência da troca de comunicados entre o Clube de Tavira e a Associação de Basquetebol do Algarve (ABA), esta fixou que "Fatima Habib terá todo o direito de participar nas competições da ABA, usando o equipamento regulamentar". Apesar da falta de detalhes da missiva, a direção do clube interpretou, com a ajuda da federação - que alertou para as regras da FIBA -, que a atleta vai poder jogar com a camisola e collants pretos de compressão, sendo autorizado o lenço, desde que seja o islâmico (Hijab). A direção do Tavira manifesta-se satisfeita pela clarificação. " Impunha-se esta articulação para ultrapassar barreiras e respeitar os direitos humanos", disse Sílvia Rufino.