O descalabro portista na segunda mão da eliminatória da Champions com o Bayern teve em Julen Lopetegui o principal rosto e o treinador dos dragões fez questão de assumir a responsabilidade da derrota, tanto junto dos jogadores como dos adeptos, conforme foi bem visível à chegada a Pedras Rubras, na madrugada de ontem.
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As marcas da dura derrota sofrida em Munique são indesmentíveis e a principal missão da equipa técnica liderada pelo basco será, por estes dias, recuperar mentalmente os jogadores e fazê-los acreditar que podem reagir da melhor maneira no duelo de domingo com o Benfica, na Luz, que pode ser decisivo na corrida pelo título nacional.
À vista desarmada, Lopetegui cometeu um erro crasso na estratégia para o jogo de Munique, quando apostou em Diego Reyes para jogar no lado direito da defesa, em vez de Ricardo, que acabou por entrar para o lugar do mexicano, aos 32 minutos, já os alemães ganhavam por 3-0.
Sem Danilo, nem Alex Sandro, nas laterais (nem o lesionado Tello no ataque, já agora), o técnico espanhol estaria sempre defendido se tivesse colocado o jovem português de início, mesmo em caso de resultado negativo, tal a falta de alternativas e o poderio do Bayern, mas o facto de não o ter feito coloca-o à mercê das críticas. A exibição desastrosa da equipa, sobretudo na primeira parte, fez o resto, tendo ficado evidente que nenhum dos jogadores em campo se exibiu ao nível habitual, com destaque negativo para Brahimi e Quaresma, ambos substituídos.
No final do jogo da Allianz Arena, tanto o treinador como a generalidade dos jogadores que falaram à Imprensa apontaram de imediato baterias ao clássico com o Benfica, sublinhando a importância de reagir ao desaire de anteontem e arranjar forma de ganhar na Luz, para poder lutar pelo campeonato até ao fim. O trabalho psicológico de Lopetegui junto do plantel portista está em andamento e os próximos dias serão muito importantes, também na perspetiva da recuperação física de uma equipa mais desgastada do que o grande rival lisboeta.
Seis razões para a goleada
Abordagem tática errada
É mais fácil fazer o totobola à segunda-feira, mas as opções táticas de Lopetegui no jogo de Munique foram erradas. Se a ideia era defender os dois golos de avanço, aconselhava-se reforçar o meio-campo e a capacidade de pressão.
Ausências fundamentais
Lopetegui não teve à disposição os dois laterais (Danilo e Alex Sandro), nem o avançado mais rápido do plantel (Tello), o que diminuiu imenso as hipóteses de êxito do F. C. Porto em Munique. Os substitutos não estavam à altura.
Extremos inofensivos
Brahimi e Quaresma foram um zero absoluto no ataque portista. Depois de ter brilhado na 1.ª mão, o "mustang" esteve perdido no flanco direito e foram várias as reprimendas que Lopetegui lhe deu antes de o substituir ao intervalo.
Aposta em Diego Reyes
Sem querer chover no molhado, colocar Reyes no lado direito da defesa foi um erro colossal e o treinador basco admitiu-o ainda na primeira parte quando substituiu o mexicano por Ricardo, cuja titularidade parecia totalmente lógica.
Força incrível do Bayern
Com ou sem lesionados, o plantel dos campeões alemães é muito superior ao do F. C. Porto e a exibição realizada pela equipa de Guardiola na primeira parte devia vir nos livros em que se ensina como o futebol se joga.
Guarda-redes e defesa de papel
Com quatro centrais de início, a defesa portista foi incapaz de travar os avançados do Bayern e, na baliza, Fabiano não teve arte para fazer as defesas que transformam um guarda--redes mediano num monstro das redes.