Por causa da pandemia, o Rali de Portugal e o Mundial de Ralicross em Montalegre estão suspensos. Prova de Vila Real da Taça do Mundo de Carros de Turismo deve ir pelo mesmo caminho.
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Vila Real vai aguardar mais uns dias por uma eventual suspensão da prova portuguesa da Taça do Mundo de Carros de Turismo (WTCR), mas a probabilidade de ser realizar em junho é muito pequena. A etapa do Mundial de Ralicross, em Montalegre, e o Rali de Portugal, no Norte e no Centro, ambos em maio, estão suspensos. Se a pandemia levar ao cancelamento, estas regiões deixarão de ter um retorno económico de cerca de 200 milhões de euros - só o rali representa mais de 140 -, e nada garante que um novo calendário tenha o mesmo.
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José Silva, presidente da Associação Promotora do Circuito Internacional de Vila Real, diz que "ainda não está confirmada" a suspensão da prova WTCR, agendada para 19, 20 e 21 de junho, e que a organização "continua preparada" para começar a montar o circuito logo no início de maio. "Se fosse adiada, por exemplo, para os primeiros 15 dias de julho, também seria viável para nós", mas, prossegue, "a incerteza é grande" e "o mais provável é que não haja, de facto, corridas".
Quando começaram a aparecer os primeiros casos de Covid-19 na Europa e alguns eventos desportivos foram adiados ou cancelados, a associação começou a preparar-se para a eventualidade de o mesmo acontecer em Vila Real. "Nos contactos que fizemos para aquisição de bens e serviços, deixámos logo a condicionante de poderem não se realizar as corridas". No entanto, a maior preocupação é "começar a montar o circuito e depois a prova não acontecer". Tal implicaria "não só pagar primeiro a montagem, como depois a desmontagem". Pelo que, tendo em conta a evolução, "a probabilidade de se realizar é muito, muito baixa".
Repensar calendário
Isto acarreta perdas importantes de receitas em muitos setores de atividade em Vila Real e no Douro, com destaque para a hotelaria e a restauração. Por exemplo, "o Hotel Miracorgo tem os seus 166 quartos reservados para a altura das corridas". Outros serviços, como as gráficas que trabalham com a organização, também "vão ficar sem uma receita importante". Se não houver corridas, este ano, em Vila Real, o pensamento de José Silva fica já direcionado para 2021, em que se vai comemorar o 90.o aniversário do circuito citadino.
Em Montalegre, o presidente da Câmara, Orlando Alves, não esconde a frustração por ter suspensa a prova do Campeonato do Mundo de Ralicross. Sobretudo porque, depois de a ter perdido em 2019, foi preciso "trabalhar muito" para a poder recuperar. Porém, reconhece que a atitude da promotora do evento, a IMG, "foi sensata", tendo em conta a pandemia.
O adiamento deixa "pressupor que poderá haver uma nova data", no entanto, Orlando Alves assume que não vê "grandes hipóteses de haver calendário" para fazer as provas agendadas e "pode fazer todo o sentido que seja repensado". Até porque Montalegre já tinha vendido, online, "milhares de bilhetes" e agora "está a ser pedida a devolução do dinheiro". "Não creio que estas pessoas voltem. Até porque depois há férias de verão, se as houver, e se houver dinheiro. E se tiverem de optar entre a praia em família e o ralicross, está-se mesmo a ver qual ver ser a preferência".