Treinador do F. C. Porto diz que o futuro não depende de nenhuma conversa com André Villas-Boas e garante que, se sair, o clube não tem de lhe pagar "um tostão"
Corpo do artigo
Na antevisão da final da Taça de Portugal, Sérgio Conceição abriu um pouco o véu do que poderá acontecer depois do jogo com o Sporting, deixando no ar que pode mesmo estar de saída do F. C. Porto.
"Se me passou pela cabeça que este pode ser o meu último jogo? Para ser sincero, passou. O meu futuro não está dependente de nenhuma conversa, quem decide o meu futuro sou eu. Se o meu futuro for sair do F. C. Porto, o meu sentimento é de imensa gratidão e de dever cumprido. Estive à altura da exigência do F. C. Porto, aquela a que eu fui habituado. Se tiver de sair, sou eu que decido", disse.
"O clube esteve quatro anos sem ganhar nada antes de eu chegar. Passou por três anos de fair play financeiro, por dois anos de pandemia e por este, que foi muito atribulado por causa das eleições, mas conseguimos ganhar tantos títulos como os nossos rivais. Como sempre digo, no F. C. Porto o contrato não faz o treinador, nem o jogador. Se o meu caminho e o do F. C. Porto bifurcarem, se este for o meu último jogo, saio com a mesma dignidade com que entrei. Se este for o meu último jogo, F. C. Porto paga-me até ao dia de amanhã e vou embora sem levar um tostão. Fiz muita comichão a muita gente. Falar da minha assinatura dois dias antes das eleições é fácil. Uma das caraterísticas de que não abdico é a gratidão. E o respeito por uma pessoa que tem mil e tal títulos por este clube e que me trouxe para aqui com 15 anos. Se os caminhos se dividirem, nem um tostão quero do F. C. Porto", afirmou o técnico dos dragões.
Sobre a final propriamente dita, Conceição deu os parabéns a Ruben Amorim pelo discurso que teve na antevisão. "Não são conferências fáceis. Espero um jogo competitivo, difícil, perante uma equipa que não perde desde março, muito bem orientada por um treinador com qualidade. Tem jogadores fortes, um coletivo forte, e nós vamos trabalhar de forma a ganhar o jogo. Vamos fazer tudo para isso", referiu, antecipando o onze que conta ver do Sporting no Jamor: "Querem o onze, é isso? Será Diogo Pinto, Diomande, Coates, Gonçalo Inácio, Catamo, Hjulmand, Morita, Nuno Santos, Trincão, Gyokeres e o Pote. Penso que será esse".
Em relação às palavras polémicas de Frederico Varandas, que disse esperar que o Sporting rebente o F. C, Porto nesta final, Conceição preferiu desvalorizar: "Estive atento ao que disseram as pessoas que fazem parte da ficha de jogo. Tenho de olhar é para o discurso do Ruben enquanto treinador. O que para mim conta é o jogo. O resto, vejo, ouço e tiro as minhas conclusões, sem dúvida nenhuma".
À procura da quarta Taça de Portugal, o que lhe permitirá igualar o máximo conquistado pelo mesmo treinador na prova, Sérgio Conceição foi pragmático: "Não vivo com isso. Faz parte dos anos de muita dedicação, paixão, sacrifício, das muitas horas em que faltei à minha família. Nestes sete anos, ganhámos quase tantos títulos como os nossos dois rivais juntos. O passado é história, tenho muito respeito por pessoas como o nosso presidente, são centenas e centenas de títulos que trouxe para o nosso clube, mas o título mais importante é o próximo. É com esse sentimento que encaramos o jogo de amanhã".
Questionado sobre a possibilidade de beber uma cerveja com Ruben Amorim no final da partida, tendo em conta o ambiente que se vive no futebol português, Conceição foi claro. "Antes do jogo, é mais fácil para nós, olhando para o nosso caráter. No final, fica mais difícil. Antes do jogo, não me importava de fazer esta conferência com ele. No final já é difícil, sendo nós tão competitivos como somos. Dois ou três dias depois, passando a euforia ou a azia, talvez fosse mais fácil", disse, com muitos elogios para o treinador adversário.
"A equipa do Sporting parece fácil de desmontar, mas fica difícil se não estivermos concentrados, focados e se não trabalharmos algumas situações que temos de contrariar. O Sporting tem muitas nuances dentro do jogo e dificulta a vida aos adversários. O Ruben tem sido um treinador muito capaz e com certeza terá um futuro brilhante. Não digo que é o mais difícil que defrontei nestes sete anos, mas é um treinador difícil de defrontar", referiu.