Sérgio Conceição foi o primeiro convidado do pocast "Bitaites D'Ouro", do humorista Pedro Neves, tendo, entre vários temas, falado sobre a fé e a religião. Lembrou, em específico, uma história e das palavras que um senhor lhe disse em Fátima pouco antes de assinar com o Nantes: "Os desígnios de Deus são insondáveis".
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Durante a conversa, um dos pontos em foco foi a religião e a fé especial que os dois interlocutores têm. A dado momento, Sérgio Conceição, um admirador da religião católica, dá conta do momento em que se prendeu a esta convicção.
"Eu apeguei-me muito à religião, especialmente a Jesus Cristo, porque senti essa necessidade quando vim para o Porto. Na altura, senti-me perdido, senti-me perdido naquilo que era a cidade, o sítio onde estava a morar, a forma diferente de viver das pessoas e eu apeguei-me verdadeiramente a Jesus, à religião e digo-te, tenho orgulho em dizer que se não é todos os dias, praticamente todos os dias, se não tenho hipótese de ir à missa, faço a minha corrida e passo pela igreja. Todos os dias rezo, mas não é rezar, fazer o sinal da cruz e já está. É joelho no chão. Eu dizia muitas vezes aos jogadores que era importante ter os chinelos debaixo da cama, para de manhã, ao irmos buscar os chinelos, ao ajoelhar-nos, aproveitamos e agradecemos a Deus por acordarmos e termos mais um dia", revelou.
Sérgio Conceição, que, como se sabe, por várias vezes parou em Fátima, quando era técnico do F. C. Porto, lembrou um episódio espiritual numa altura em que tinha deixado o cargo de treinador do Vitória de Guimarães, em 2016, não encontrando uma explicação plausível para a situação. A verdade é que pouco depois surgiu aquela que até então foi a melhor fase da carreira do técnico.
"Numa das minhas idas a Fátima, com a minha mulher, parávamos numa tasquinha humilde, onde se comia uma sopinha e prato do dia, era muito bom, mas muito bom também pela simpatia dos empresários. Nesse mesmo interregno, eu tenho no telefone marcado, no 9 de dezembro, depois vou ver o ano [risos], tenho uma ida a Fátima, estou a almoçar com a minha esposa e senta-se um senhor ao lado. Ao início não o vi a entrar, mas depois é que reparei, tinha os seus 60/70 anos, cabelo completamente branco... É a primeira vez que estou a contar isto, nem à minha família contei", começou por dizer.
E acrescentou: "Meteu conversa connosco, em poucas palavras: 'Sou de Coimbra, estava muitas vezes na Rua Ferreira Borges, e agora mudei-me para Fátima há uns meses'. Eu continuei a comer com a minha mulher, até lhe pisquei o olho e disse: 'ok'. Ele no fim, antes de eu acabar, levantou-se, tocou-me no ombro e disse: 'os desígnios de Deus são insondáveis', e foi-se embora. Aquilo ficou-me na cabeça. Continuei a comer, conhecia os proprietários e perguntei à senhora: 'este senhor vem aqui algumas vezes? É cliente habitual?', e ela responde: 'Não, é a primeira vez que o vejo aqui'. Estranho. Dias depois assinei pelo Nantes, e oito meses depois estava na tal cadeira de sonho que é ser treinador do F. C. Porto. Voltei a Fátima muitas vezes e fui sempre à mesma tasca, ainda hoje vou, e nunca mais o vi. Se calhar foi coincidência, não faço a mínima ideia", terminou, numa clara dúvida sobre o que tinha experienciado.