Ex-treinador do F. C. Porto sublinha a importância de conhecer o dia-a-dia dos jogadores fora do campo.
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Em declarações à imprensa italiana, à margem da cerimónia em que foram anunciados os 25 candidatos ao prémio “Golden Boy” para o melhor futebolista jovem da Europa, Sérgio Conceição abordou o trabalho que um treinador tem de fazer junto dos jogadores mais novos.
“O jovem tem de compreender qual é a forma correta de estar no futebol moderno e o que se faz fora do campo conta muito. Como treinador do F. C. Porto, acompanhei os sub-17, os sub-19, a equipa B, e é possível criar jogadores de seleção. Para não falar dos que chegam de outros continentes. É preciso explicar-lhes que o futebol na Europa é diferente... Sei tudo sobre os meus jogadores, até o prato preferido. Ter todos estes pormenores faz a diferença. As horas que dormem e não dormem, o que comem, que família têm... É preciso ser exigente consigo próprio, rigoroso. Há tanto trabalho que não se vê. É preciso ter paixão, a única coisa que nos faz aceitar todos os sacrifícios”, afirmou o ex-técnico dos dragões.
Conceição deu o exemplo de Éder Militão, que chegou ao F. C. Porto em 2018, vindo do São Paulo, antes de sair para o Real Madrid em 2019. “Não tinha conhecimentos táticos, tecnicamente era muito forte e fisicamente era um monstro, mas não sabia o que fazer nem dentro nem fora do campo. Tivemos de fazer um trabalho específico para o tornar um bom negócio ao fim de um ano. Mostrámos-lhe em vídeo e depois no campo, espaço a espaço, treinos com uma linha defensiva compacta e curta, momentos de zona e momentos de pressão, agressividade... Quando ele entendeu que era um jogador inteligente, deu o salto. Se for dançar samba e comer picanha, então não pode jogar no Real Madrid. E ele está lá há seis anos”, disse, elogiando Pinto da Costa pelas transferências que fazia: “O presidente do F. C. Porto sabia vender”.
O facto de ter treinado dois filhos no F. C. Porto também foi tema. “Treinei o Francisco Conceição e o Rodrigo, que agora joga na Suíça. Tenho de ser justo, o Francisco não jogou seis meses comigo no F. C. Porto. Precisava de continuidade, movimentação, corrida e organização, que são as coisas mais importantes para ter a bola nos pés. Ele precisava de ter essa consciência, de jogar na Europa, na Champions. Havia duas ou três grandes equipas para onde ele podia ir, aconselhei-o a ir para Itália, para um grande clube mundial como a Juventus, com todo o respeito e amor que tenho pela Lázio”, referiu.