O treinador do F. C. Porto, Sérgio Conceição, fez a antevisão do duelo deste sábado com o Famalicão e comentou os últimos casos, afirmando que o processo de que foi alvo na sequência da confusão com o Casa Pia foi causado pelos comentadores televisivos e admitindo que o gesto que dirigiu ao técnico-adjunto dos gansos era para marcar um duelo 1x1, com mini-balizas.
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Os dragões visitam o Minho com a certeza que uma eventual derrota entrega, de imediato, o título ao Benfica, e Conceição recusa que haja qualquer tipo de desmoralização na equipa, por não depender apenas dela própria.
"Não desmoraliza, nem dá força a ninguém [a diferença pontual]. Trabalhamos no máximo e se o rival está a nossa frente, alguma coisa não fizemos tão bem. Focamo-nos no que é o nosso trabalho, que é preparar a equipa para ir a Famalicão tentar ganhar o jogo. Mas essa diferença pontual não tem de dar mais ou menos motivação", defendeu o técnico, antes de deixar uma questão que se prende com a atitude competitiva dos rivais.
"A duas jornadas do fim os jogos são todos fundamentais, mesmo para clubes que não estejam a lutar ou pela permanência, europa ou título. O Marítimo-Vizela de hoje tem peso para outras duas equipas, como, por exemplo, para o Santa Clara, porque é diferente ir à Luz [na última jornada] já despromovido ou com chances de ficar na Liga.
"O Casa Pia, por exemplo, fez sete faltas frente ao Benfica e 18 contra nós e estava tranquilo na tabela. No primeiro pontapé de baliza, o guarda-redes demorou 22 segundos a bater. Todas as equipas querem ganhar, todos têm equipas fantásticas, adeptos incríveis", realçou.
Sérgio Conceição comentou a discussão com Vasco Matos, adjunto do Casa Pia, durante e após o encontro da última jornada, que valeu a abertura de inquéritos a vários protagonistas. "A abertura desse processo é por causa dos comentadores televisivos de vários canais, que passaram a semana toda a deduzir o que seria esse gesto, insinuando que teria sido algo. Abriu-se um processo por comentadores do futebol, mesmo por alguns afetos ao F. C. Porto, que tem de defender o tacho", começou por dizer, antes de alargar a reflexão.
"Agora, algo factual ou escrito... Não há. Isto é de difícil compreensão para mim. Estou habituado ao lixo do futebol português, mas se pensam que me diminuem de alguma forma, a verdade é que isso me dá mais um escudo de proteção", acrescentou, defendendo que seria mais interessante que se falasse de futebol e não dos "gestos ou dos olhares fulminantes" que faz.
Em relação ao gesto que dirigiu a Vasco Matos, o treinador portista deixou uma explicação: "Ouviram algum comentário ao mesmo tempo desse gesto? Recebi uma proposta de duelo e a minha reação, quando o jogo acabou, foi ir ao túnel buscar duas mini-balizas e fazer um 1x1. Um duelo? Sim, vamos lá para dentro", justificou.
De volta à jornada deste fim de semana, a partida em Famalicão marca o reencontro entre duas equipas que se defrontaram nas meias-finais da Taça de Portugal, sendo que a segunda mão foi marcada pela polémica entre Pepe e Colombatto - o médio famalicense foi acusado de ter proferido insultos racistas ao central portista - e por uma troca de acusações entre Sérgio Conceição e João Pedro Sousa.
"Dá-se muito protagonismo aos treinadores dos quatro grandes e pouco às outras equipas técnicas, que fazem um trabalho fantástico. Às vezes, sinto mais dificuldades a defrontar equipas teoricamente mais acessíveis do que na Liga dos Campeões e não se dá o devido mérito. E depois as pessoas ficam chateadas. Já me chamaram mal educado, mal formado, querem duelos comigo. Deve ser por quererem protagonismo e têm todo o direito disso", afirmou.
Salientando, mais uma vez, que se fala mais de questões laterais do que de futebol, Conceição comentou, ainda, o impacto que os jogadores suplentes tiveram na vitória frente ao Casa Pia e garantiu que, numa atividade tão bem paga como o futebol, não pode haver saturação competitiva.
"Os suplentes são extremamente importantes. Quando somos apaixonados, não deve haver saturação nenhuma. A saturação tem a ver com o que já se falou nesta conferência. Haverá dias mais e menos felizes, mas se estou a fazer o que amo, e os jogadores pensam da mesma forma, ganham muito bem para ter uma vida fantástica e tem o privilégio de fazer o que gostam. Não me falem disso, dessa saturação, porque me deparo com realidades muito diferentes: gente que se levanta às cinco da manhã par ir trabalhar e chega à noite e já não tem tempo de estar com os filhos. Nós amanhã escolhemos um restaurante com estrela Michelin para ir jantar com a família. Claro que há desgaste, mas é por algo que não tem a ver com o futebol", finalizou o treinador.