Foi durante a liderança de Pinto da Costa que o F. C. Porto atingiu o topo do futebol em Portugal e no Mundo, entre muitos outros feitos.
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O recordista de títulos internacionais
De Viena a Dublin se escreveram as páginas mais douradas da história internacional do F. C. Porto. Depois de ter prometido a presença numa final europeia no programa eleitoral, quando se candidatou pela primeira vez à presidência, Pinto da Costa não só cumpriu como superou todas as expectativas. Após a derrota na final da Taça das Taças de 1984, frente à Juventus, o calcanhar de Madjer e a perna direita de Juary deram a volta ao Bayern de Munique e ofereceram a Taça dos Campeões Europeus de 1987. Seguiu-se a Taça Intercontinental sob a neve de Tóquio e a Supertaça Europeia, num caminho de sucesso que só conheceria o próximo capítulo em 2002/03. Sob o comando técnico de José Mourinho, o F. C. Porto conquistou a Taça UEFA e, um ano depois, chegou ao topo da Champions League. Por essa altura já os dragões eram o clube português mais bem sucedido fora de portas, seguindo-se uma nova Taça Intercontinental e com o derradeiro sucesso internacional a surgir em 2011, com a conquista da Liga Europa pela equipa treinada por André Villas-Boas, que viria a suceder, em abril de 2024, a Pinto da Costa na presidência portista.
A construção do Estádio do Dragão
A organização do Europeu de 2004 em Portugal deu a oportunidade e o Estádio do Dragão nasceu, sucedendo ao mítico recinto das Antas. O novo recinto custou cerca de 125 milhões de euros e esteve envolvido numa enorme polémica [ler páginas seguintes], mas acabou mesmo por ser inaugurado numa fria noite de novembro de 2003, com um jogo amigável frente ao Barcelona durante o qual se estreou um tal de Lionel Messi. O recinto, desenhado por Manuel Salgado, já cumpriu, entretanto, o 20.º aniversário e não faltou quem lhe quisesse dar o nome de Pinto da Costa, algo que o presidente honorário sempre se recusou a aceitar.
Todos os troféus sob o mesmo teto
A data não poderia ter sido mais simbólica. A 28 de setembro de 2013, no dia do 120.º aniversário do clube, era inaugurado o Museu do Dragão, um desejo antigo de Pinto da Costa. O recinto, situado dentro do estádio, reúne grande parte do espólio do clube e tem sido um sucesso no número de visitantes. Recentemente, André Villas-Boas sugeriu dar o nome de Pinto da Costa ao museu e o presidente honorário terá aceitado o desafio.
A moderna casa das modalidades
Após a construção do Estádio do Dragão foi preciso esperar alguns anos, mais propriamente até 2009, para que fosse inaugurada a segunda grande âncora do complexo desportivo. O Dragão Arena situa-se entre o estádio dos azuis e brancos e a Via de Cintura Interna, tem capacidade para 2179 adeptos e é muito mais do que um simples pavilhão. Além de ser a casa de todas as modalidades do clube, é um exemplo de boas práticas ambientais e pode receber vários outros eventos, como concertos, ou mesmo as eleições do clube, tal como aconteceu em 2020, em plena pandemia da covid-19.
A primeira SAD do futebol português
Foi a 30 de julho de 1997 que o F. C. Porto deu mais um passo rumo à modernidade. O clube azul e branco foi o primeiro a constituir, em Portugal, uma Sociedade Anónima Desportiva, que passou a controlar os destinos do futebol e também do basquetebol, a única outra modalidade que passou a ter este tipo de gestão. O presidente do clube é, por inerência e segundo os estatutos, o líder máximo da SAD.
Luta de conquistas contra o Benfica
Antes de Pinto da Costa tomar posse, em 1982, o palmarés do F. C. Porto resumia-se a 14 títulos e o antigo líder festejou qualquer coisa como 68 troféus, apenas no futebol, durante os 42 anos de presidência. O F. C. Porto ultrapassou o Sporting no número total de conquistas e, desde então, tem estado numa luta taco a taco com o Benfica, com os dois rivais a terem, neste momento, um total de 86 títulos cada um.
Ultrapassar a lenda Santiago Bernabéu
Foi a 13 de janeiro de 2017 que Pinto da Costa ultrapassou Santiago Bernabéu como o presidente com mais tempo passado à frente de um clube. O mítico líder espanhol esteve à frente dos destinos do Real Madrid durante 34 anos, oito meses e 19 dias, sendo que Pinto da Costa o superou por larga margem, liderando a máquina azul e branca durante 42 anos. Ao nível de troféus, a luta foi ainda mais desequilibrada: Santiago Bernabéu festejou 29 vezes, Pinto da Costa ergueu 68 títulos no futebol profissional.
Nação azul celebra o pentacampeonato
Entre os muitos recordes que celebrou ao longo dos 42 anos de presidência - como os sete troféus internacionais, que deixaram o Benfica (dois) e o Sporting (um) a léguas -, há um outro que merece muito destaque na história do F. C. Porto. Depois do trauma de não conseguir o tricampeonato, a verdade é que, quando o alcançou, em 1997, estava a caminho de algo que mais nenhum clube português logrou festejar. A 22 de maio de 1999 um empate no Estádio José Alvalade, frente ao Sporting (1-1) garantiu a conquista do quinto campeonato consecutivo. A história começou com o "bis" de Sir Bobby Robson, seguiu com feito idêntico de António Oliveira e foi fechado por Fernando Santos, com números que mostram bem a superioridade do F. C. Porto nessas temporadas. Os dragões venceram 130 dos 170 jogos disputados nesses campeonatos e marcaram 397 golos, 92 dos quais apontados por Mário Jardel. O início da caminhada também foi simbólico: o primeiro golo foi marcado por Rui Filipe, que viria a falecer oito dias depois num acidente de viação.
Rebaixamento do Estádio das Antas
"Tirando o Óscar Cruz, todos diziam que eu era maluco". Foi assim que o próprio Pinto da Costa explicou a reação dos colegas de direção à ideia que apresentou para rebaixar o relvado do antigo Estádio das Antas e, assim, aumentar a capacidade do recinto. A verdade é que a obra se fez e foi inaugurada, a 17 de dezembro de 1986, com um jogo frente ao arquirrival Benfica. A retirada da antiga pista de atletismo e a construção de novas bancadas fizeram com que a capacidade das Antas chegasse aos 75 mil lugares, embora o recorde, não oficial, aponte para a presença de 90 mil adeptos no jogo contra o Dínamo de Kiev, das meias-finais da Taça dos Campeões Europeus que o F. C. Porto acabaria por vencer. Após a instalação de cadeiras, a lotação máxima foi, obviamente, reduzida.
Muito sucesso nas modalidades
O hóquei em patins foi sempre especial para Pinto da Costa, ou não tivesse o presidente honorário sido seccionista da modalidade. O primeiro título nacional surgiu um ano depois de tomar posse e a glória europeia foi festejada em 1985/96 e 1989/90, com o F. C. Porto a conseguir ainda um decacampeonato (de 2002 a 2011) e mais uma Liga dos Campeões (2022/23) e uma Taça Intercontinental (2021). O andebol também encheu o museu, com 15 títulos de campeão nacional durante a presidência de Pinto da Costa e muitas taças e supertaças. Na contabilidade geral de todas as modalidades do clube - excetuando o futebol -, o presidente honorário dos dragões levantou 2517 troféus.
A glória olímpica por Fernanda Ribeiro
Entre as variadíssimas conquistas das modalidades do F. C. Porto durante a liderança de Pinto da Costa existe uma com um lugar especial na memória dos adeptos. A 2 de agosto de 1986, o país esteve acordado até de madrugada para ver a prova olímpica dos 10 mil metros e ninguém se arrependeu. Campeã do Mundo e bicampeã europeia da distância, a atleta do F. C. Porto não desiludiu e, com uma última volta absolutamente incrível, tornou-se na terceira campeã olímpica de Portugal, sucedendo a Carlos Lopes e Rosa Mota, ambos na maratona. Quatro anos depois, Fernanda Ribeiro ainda ofereceu a segunda medalha olímpica, neste caso de bronze, da história do F. C. Porto.