Das seis alterações no onze que iniciou o duelo com a Suíça, só uma foi na defesa. Pepe, Danilo e Cancelo atuaram 180 minutos nos últimos dois jogos.
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Infeliz não será o treinador que num jogo se dá ao luxo de abdicar de Cristiano Ronaldo e no seguinte pode poupar Bernardo Silva sem que o rendimento coletivo seja posto em causa por tamanha ousadia. Pelo contrário, Portugal respondeu razoavelmente frente à Espanha (1-1) e dominou a Suíça (4-0) na segunda jornada da Liga das Nações, apesar de Fernando Santos ter mudado mais de meia equipa de um jogo para o outro e abdicado de habituais titulares em ambos. Saltou à vista, contudo, que as mexidas, no onze mas também durante as partidas, foram muito mais significativas do meio-campo para a frente, enquanto na defesa Pepe, Danilo e João Cancelo atuaram durante os 180 minutos, resistindo como os únicos portugueses totalistas na presente edição da competição. Para além disso, nestes dois jogos o selecionador fez 10 substituições e nenhuma foi na defesa.
"Em comparação com outros setores, o defensivo não tem opções tão ricas", aponta Manuel Machado, salientando a insistência na dupla Pepe e Danilo. "A adaptação do Danilo cada vez mais a central anuncia já uma tentativa de colmatar alguma falta de soluções para o centro da defesa. Acredito que a continuidade da dupla tenha a ver com isso", acrescenta ao JN. O jogador do Paris Saint-Germain tem-se consolidado como central na seleção e vai na quarta titularidade consecutiva nessas funções, a terceira ao lado do jogador do F. C. Porto. Sem Rúben Dias, é Danilo quem mais convence Fernando Santos, que, assim o dizem as convocatórias, anda à procura de outras soluções, como Gonçalo Inácio, Tiago Djaló e David Carmo. Os jovens, no entanto, ainda não jogaram pela seleção A.
A importância das rotinas
Para Henrique Calisto, não é a qualidade, ou a falta dela, que está em causa e que justifica as opções do selecionador. "Não diria que o meio-campo e o ataque têm mais opções válidas, a diferença é que a defesa carece de um maior sincronismo entre os centrais para funcionar bem", explica. As rotinas são essenciais para garantir estabilidade, com Manuel Machado a prever que Pepe e Danilo continuem a merecer a confiança de Fernando Santos. "A dupla tem correspondido e o desempenho que tem tido deixa antever que é para continuar".
Por outro lado, os dois treinadores não estranham que a única alteração na defesa de um jogo para o outro tenha surgido no lado esquerdo. "É o lugar em que há mais equilíbrio de soluções, com perfis diferentes e que se podem adaptar aos adversários", considera Manuel Machado. Também Henrique Calisto destacou que "Raphael Guerreiro e Nuno Mendes dão garantias" e deixou elogios à exibição atacante frente à Suíça, dando razão à rotatividade promovida do meio-campo para a frente: "Houve períodos brilhantes".
Ecos das quinas
Esloveno apita jogo com checos
Matej Jug foi o árbitro escolhido pela UEFA para dirigir a receção de Portugal à República Checa, depois de amanhã, a contar para a terceira jornada do Grupo A2. Recorde-se que as duas seleções somaram quatro pontos nas primeiras duas jornadas e partilham a liderança.
Treino com apenas 15 jogadores
Fernando Santos orientou, ontem, o primeiro treino depois da goleada à Suíça, com apenas 15 jogadores disponíveis no relvado. No início da preparação do jogo com a República Checa, os titulares frente à seleção helvética fizeram trabalho no ginásio.