Shakhtar deixou Donetsk desde 2014 e divide-se entre Kiev e Lviv para disputar os jogos da liga ucraniana. Hamburgo é fortaleza com 25 mil ucranianos pronta para receber as emoções da Champions.
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Quando o Mundo abriu os olhos para a invasão, em larga escala, da Rússia à Ucrânia, em fevereiro do ano passado, já há muito tempo que o Donbass sabia o que era ter os horrores dos combates à porta de casa.
O Shakhtar foi uma das vítimas colaterais do conflito e, em 2014, teve de deixar a cidade de Donetsk e passar a jogar nas (então) bem mais pacíficas cidades de Kiev ou Lviv. Com 14 títulos de campeão nacional e uma Liga Europa no currículo, os mineiros perderam, na última década, muitas das estrelas que tinham no plantel e, agora, encontraram na Alemanha uma fortaleza para atacar a Liga dos Campeões.
Um dos principais aliados do governo de Kiev na resistência à agressão russa, o país germânico acolheu muitos refugiados, estimando-se que a sua população tenha crescido mais de 1% desde que Moscovo declarou a “operação militar especial”.
Na cidade de Hamburgo, por exemplo, vivem 25 mil ucranianos que tiveram de fugir à guerra no último ano e meio, número que ascende a uns impressionantes 100 mil quando se tem em conta toda a área metropolitana.
Esta será, seguramente, uma das principais razões que levaram os responsáveis do Shakhtar a escolher Hamburgo como a nova sede europeia. Depois de ter disputado as provas da UEFA de 2022/23 em Varsóvia, na Polónia, a equipa de Donetsk mudou-se para solo germânico e a opção já está a dar frutos.
Os três jogos em casa na fase de grupos da Liga dos Campeões têm, no mínimo, 36 mil bilhetes vendidos cada um, sendo que o de hoje, frente ao F. C. Porto, deve registar casa cheia: já voaram 49 mil ingressos para o Volksparstadion, cuja capacidade máxima é de 51 mil lugares.
Riznyk de volta após luto
Mesmo longe da linha da frente, os jogadores do Shakhtar são frequentemente atingidos pelos dramas da guerra. Foi o que aconteceu a Dmytro Riznyk, de 24 anos, cujo irmão morreu em combate há apenas seis dias. O guarda-redes falhou o último jogo da liga ucraniana, mas hoje deve voltar à baliza em nome do irmão, de Donetsk e da Ucrânia.