Sheriff - S. C. Braga: viagem ao interior da República da Transnístria, um país-fantasma
Sheriff é o orgulho de região que se autoproclamou independente da Moldávia em 1990.
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A região de Transnístria, onde o Braga disputa, esta quinta-feira, com o Sheriff o jogo da primeira mão do play-off de acesso aos oitavos de final da Liga Europa, é um mundo à parte. Após se percorrer os 80 quilómetros que separam Chisinau de Tiraspol, a capital do Estado "fantasma", o controlo fronteiriço obriga a minuciosa análise à documentação e bagagens, até surgir a indicação de luz verde e se seguir para o estádio que recebe o encontro, um dos três recintos que o hexacampeão moldavo possui.
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Com a proibição de se tirar fotografias na fronteira, sob pena de detenção, o ambiente é sereno, com muita polícia nas ruas e ampla cultura russa a cada esquina, mas os sinais de contraste entre a riqueza do clube e a pobreza da cidade são evidentes. "O projeto é bom, o investimento é forte e estão a ter retorno. Mas grande parte da população não vive em boas condições, a mentalidade é fechada e, se não houver recibos, até uma simples compra pode tornar-se um problema", destaca, ao JN, João Pereira, futebolista do Torreense (Liga 3), que na última década foi bicampeão pelo Sheriff.
Encravada na fronteira da Moldávia com a Ucrânia, país sob ameaça de invasão russa, na Transnístria abundam os traços da antiga União Soviética, ao contrário do que sucede no resto do país. "É um país dentro do país, só que, oficialmente, não existe. É um mundo à parte", frisa o defesa da equipa de Torres Vedras.
"Há um clima de guerrilha política, mas a região é de uma segurança extrema", diz João Pereira, realçando as "condições fantásticas do clube", que tem por hábito contratar jovens nas ligas de Leste, solução mais em conta, face à dificuldade de ir buscar craques a campeonatos mais sonantes.
O clube é liderado por Viktor Gusan, ex-KGB (a polícia secreta da URSS), que controla grande parte dos negócios da cidade, em diferentes áreas. O verdadeiro "Sheriff".
Na antevisão do jogo, Carlos Carvalhal garantiu que a equipa está bem em Tiraspol. "Sentimo-nos completamente seguros. Já fiz um passeio, em paz e feliz por estar aqui", fez notar.