250 adeptos proibidos de entrar em recintos. Mau comportamento já originou 248 mil euros em multas.
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Em Portugal, só estão legalizadas 24 claques, de acordo com dados fornecidos ao JN pela Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência no Desporto (APCVD). O crescente aumento de incidentes nas bancadas, como se registou no último fim de semana em Alvalade e que levou o Sporting a suspender os apoios à Juve Leo, motivou o Governo a criar um pacote com 14 medidas, entre elas um projeto lei para criminalizar o apoio às claques ilegais.
Dos 18 clubes da Liga, 11 têm grupos organizados de adeptos registados na APCVD e dessa lista salta logo à vista que nem o Benfica nem o Braga têm qualquer claque oficial. Na Liga 2, o número é muito mais reduzido e confrangedor: só o Nacional, Tondela, Estrela da Amadora e Feirense têm grupos organizados de adeptos. Num universo composto por 110 clubes nos quatro escalões nacionais do futebol português, as 24 claques registadas representam apenas 21,8% do número de participantes.
A crescente onda de incidentes tem merecido várias sanções disciplinares como atestam as 544 condenações aplicadas a adeptos pela APCVD desde janeiro e que já implicaram 230 medidas de interdição a recintos desportivos. Mas, segundo dados fornecidos ao JN, neste momento há cerca de 250 adeptos impedidos de presenciar espetáculos desportivos ao vivo por decisão dos tribunais, tendo como base a prática de crimes. Desse número, 180 indivíduos foram sancionados pela APCVD.
Cerca de 90% dos incidentes a envolver adeptos tem como origem o uso ou o lançamento de materiais pirotécnicos e fumígenos. Os restantes são provenientes da prática de atos ou do incitamento à violência, ao racismo, à xenofobia e à intolerância.
O mau comportamento de adeptos também tem tido reflexos em castigos pesados para os clubes. O JN analisou os comunicados emitidos pelo Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol nas primeiras 10 jornadas da Liga e chegou à conclusão que já foram pagos 248 850 euros num total de 105 ocorrências. O Benfica tem sido o mais sancionado, contribuindo com 82 115 euros, seguindo-se o Sporting (50 972 euros), o F. C. Porto (48 093) e o V. Guimarães (31 684). Só o jogo com os vimaranenses, na cidade Berço, motivou à SAD da Luz o pagamento de 35 969 euros.
Em relação ao período homólogo da época passada, os clubes pagaram menos multas (106 042 euros), porque se registaram apenas 83 ocorrências. Este decréscimo explica-se pelos condicionamentos na lotação dos estádios por causa da covid-19 e também pela desmobilização de muitos simpatizantes do futebol face aos condicionalismos do Cartão do Adepto.
As principais medidas do Governo
Obrigatoriedade do gestor de segurança
Uma das medidas do Governo é a introdução da figura do gestor de segurança. Este irá assumir a função de proteção e segurança dos espectadores, nos eventos desportivos de risco normal ou reduzido. A atual lei irá obrigar a que exista um vínculo laboral entre o clube e o gestor de segurança.
Apoiar claques ilegais é crime
O apoio, declarado ou não, a grupo organizados de adeptos que não estejam registados na Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência no Desporto (APCVD), será considerado crime. A partilha de informação entre clubes, APCVD e forças de segurança será ainda clarificada para incentivar o registo.
Violência antes do jogo vale interdição
Nas novas medidas que o Governo pretende aprovar, os grupos de adeptos que pratiquem atos de violência antes de um jogo poderão ficar impedidos de entrar no recinto. Esta é uma medida preventiva a ser aplicada pelas forças de segurança. O material pirotécnico será também proibido fora dos estádios.