Nápoles goleou Liverpool e Ajax, lidera a Serie A e espreita o primeiro título desde 1990. Treinador renasceu das cinzas
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Há poucos meses, o Nápoles era pouco mais do que um farrapo. O treinador era ameaçado pelos adeptos para deixar o cargo, as principais referências da equipa estavam de saída e engolir nova desilusão por voltar a deixar fugir o título na fase final da época estava difícil. Koulibaly, Mertens e Insigne (os dois maiores goleadores da história do clube) acabariam mesmo por sair, abrindo buracos que pareciam impossíveis de preencher tão cedo, já Luciano Spalletti fez-se forte, resistiu às chantagens dos mais dispensáveis napolitanos e permaneceu à frente da equipa. Hoje, o Nápoles lidera a Serie A, agiganta-se na Liga dos Campeões e volta a sonhar com o título que lhe foge desde 1990.
Esta época, os "azzurri" ganharam 12 dos 14 jogos que disputaram e não perderam nenhum. Marcaram quatro golos ao Liverpool (4-1), 10 ao Ajax (1-6 e 4-2), todos na Champions, e 42 no total - registo apenas superado por Manchester City e Bayern Munique nas cinco principais ligas europeias. Para muitos, são eles que praticam o melhor futebol da Europa; o mais vistoso, pelo menos. E tudo isto depois de terem perdido os três jogadores mais importantes e de terem reduzido em 30% a folha salarial, de acordo com o site "Calcio e Finanza". Não há Koulibaly, mas há Kim Min-jae; não há Mertens e Insigne, mas há Raspadori e o prodígio georgiano Khvicha Kvaratskhelia, também conhecido como Kvaradona para os lado do San Paolo.
Por aqui, já se percebe o entusiasmo que há em torno da equipa do mesmo Luciano Spalletti que no final da época passada viu o seu Fiat Panda de estimação roubado, como parte de um esquema orquestrado para o levar à demissão: "O carro será devolvido se deixares o clube", lia-se numa tarja colocada no estádio.
Reaprender na montanha
Antes de rumar a Nápoles, Luciano Spalletti esteve, voluntariamente, dois anos longe do futebol, com o objetivo de descansar, recuperar forças, rever conceitos e preparar-se para o próximo desafio. Refugiou-se numa quinta que mantém na Toscânia, caminhava na montanha, cuidava de cavalos e via futebol sem a pressão dos resultados e sem a pressa de preparar o próximo jogo. O período sabático mal não lhe terá feito. Onde Maradona é Deus, Rei e senhor, Spalletti começa a ganhar respeito e admiração, ao mesmo tempo que Nápoles volta a convencer-se que é possível repetir o que só viveu com Diego na equipa. Ultrapassar a Roma e José Mourinho (amanhã, às 19h45) é o passo seguinte rumo ao "Scudetto".