Qual cinismo, qual carapuça! O Braga mandou às malvas a proverbial manha italiana, eliminou a Udinese e ganhou o apuramento para a Champions. Na rifa dos penáltis (5-4), a vitória do clube minhoto ainda teve mais simbolismo.
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Até foi um colombiano o autor do golo que voltou a tramar o Braga, mas Pablo Armero já a sabe toda, a escola italiana. Tal como no jogo da primeira mão, quando o sérvio Dusan Basta aproveitou a única oportunidade para marcar, também ontem a Udinese não se ensaiou muito para accionar o score. À primeira ocasião... golo! Cruzamento de Basta e cabeçada de Armero, na pequena área (25 m). Beto não podia fazer nada. O cliché jornalístico chama-lhe "cinismo italiano".
Despudor ou não, chamam-lhe o que quiserem, foi o descaramento que faltou a Lima para fazer golo na primeira grande oportunidade do jogo. Servido pelo compatriota Mossoró, o atacante brasileiro permitiu a defesa ao guarda-redes da Udinese. Com nove minutos de jogo, logo se pressentiu uma certa consciência trágica...
Instalada na vantagem, a equipa italiana foi ainda mais chata, mais "cínica", jogando pela certa. E só não foi para o intervalo a ganhar por dois porque Beto lhe negou o golo, num venenoso contra-ataque, concluído com mais um tiro de Armero (45 m).
Veio o segundo tempo e com ele um Braga cheio de brio. A um remate de Salino, logo sucedeu um tiro de Viana, para um fotogénica defesa de Brkic. Os "guerreiros" minhotos avançaram à procura da sorte. Sempre com vida, sempre a um golo da felicidade, o Braga não desistiu. Alan arrancou para a área e chutou para mais uma defesa de Brkic (59 m). Mais um tiro, de Ismaily (68 m), mais uma parada. Livre direto de Viana (70 m) e mais uma espetacular defesa. O guarda-redes sérvio parecia intransponível. Mas não, não era. De tanto insistir, o Braga marcou, finalmente! Mossoró porfiou, cruzou e Ruben Micael cabeceou para a baliza (71). Estava feita a igualdade. E lançado o prolongamento, que chegou depressa, para alívio dos italianos...
Mais meia hora de bola. Outra vez mais Braga. A Udinese remeteu-se à sua insignificância... Jogou o Braga. E jogou tanto! Lima voltou a falhar por um triz (98 m). Os italianos suspiraram. Obviamente, estavam a querer tramá-la... Confiavam no destino e nos "rigori". Mas, saiu-lhes o tiro pela culatra. Qual Houdini, ganhou o Mágico Braga, em cinco tiros mágicos. Ganhou a melhor equipa, a que mais mereceu passar à elite europeia, a que saiu sob os aplausos dos italianos, que pela primeira vez terão menos equipas na Champions do que Portugal.
Eis os onzes das duas equipas:
Udinese: Brkic; Benatia, Danilo, Domizi; Basta, Pinzi, Willians, Pereyra, Armero; Fabbrini, Di Natale.
Braga: Beto; Salino, Douglão, Paulo Vinícius, Ismaly; Custódio, Hugo Viana, Ruben Amorim, Mossoró; Alan, Lima.
O Braga empatou (1-1) o jogo da primeira mão, no Minho, e precisa de ganhar ou, no mínimo, de um empate a dois golos para seguir para a fase de grupos da Liga dos Campeões.