A Suíça é uma equipa que funciona muito bem. Em termos coletivos, põe muita intensidade na organização defensiva e o meio campo é muito pressionante, não sendo habitual dar espaços à construção adversária ou a situações de finalização.
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Todos os jogadores, até os extremos e avançados, têm um espírito solidário muito grande e em organização defensiva essa coesão faz com que possamos considerar a Suíça uma seleção muito forte. É uma equipa bem preparada e em transição ofensiva, através de ataques rápidos, consegue criar bastante perigo. Porém, estas qualidades também se transformam em debilidades.
A intensidade e a energia dos médios no processo defensivo, a pressionar, é tanta que muitas vezes cria espaços entre linhas. A Suíça joga com uma linha defensiva bem posicionada, mas essa linha não acompanha a pressão dos médios e cria-se muito espaço entre linhas. É por aí que Portugal poderá criar mais situações de perigo. A seleção nacional tem de procurar explorar esses espaços e só depois aproveitar e tentar fazer movimentos de rotura.
Para explorar os espaços entre linhas é importante abrir o jogo através dos alas e quando a equipa portuguesa receber por dentro, no momento em que os médios da Suíça saltarem na pressão, é que vai ser criado esse espaço. É importante que haja velocidade na circulação e, sobretudo paciência. De forma a rentabilizar melhor os espaços entre a linha média e a linha defensiva suíça jogadores como João Félix, Bruno Fernandes, Otávio e Bernardo Silva serão os principais. Estes jogadores têm um jogo de combinações muito forte e jogam muito bem entre linhas.
Penso que seja mais benéfico jogar com o João Félix do que com o Rafael Leão, porque o avançado do AC Milan é muito forte no aproveitamento do espaço que possa existir entre a linha defensiva e o guarda-redes e perspetivo que o jogo não comece com esses espaços. Sem esquecer que no momento ofensivo, para ferir melhor a Suíça, é importante que os defesas-laterais mantenham a largura no ataque português. Perdendo isso, acredito que seja fácil para a Suíça defender, portanto é fundamental que os laterais mantenham a profundidade e a dinâmica nos corredores laterais.
Cristiano Ronaldo, mais do que ninguém, quer render e ajudar, ao marcar golos. A experiência e a preparação para os grandes momentos é notória e as notícias de uma possível transferência para o Al-Nassr não afetem a dinâmica emocional que, nestes momentos de maior pressão, o torna num cubo de gelo. Do lado da Suíça, individualmente destaco o médio Xhaka, a construir jogo, e o avançado Embolo, na velocidade.
*Treinador de futebol