Depois de três dias de espera, o Rip Curl Pro Portugal arrancou e praia de Supertubos, em Peniche, um dos "santuários" do surf português, recebeu a primeira das "romarias" previstas para a semana que se avizinha.
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Em dia de peregrinação a Fátima, milhares de pessoas acorreram à praia penicheira e completaram todos os parques de estacionamento circundantes antes das 9.30 horas, esperando a presença do "deus" das ondas, Kelly Slater.
O norte-americano, de 40 anos e 11 vezes campeão do Mundo, surgiu às 10.30 horas, no mar, vestido de vermelho e, excluindo alguns momentos em que se escondeu em tubos, a sua aparição prolongou-se por 30 minutos. O tempo que durou do quinto "heat" da primeira eliminatória desta etapa do circuito mundial.
Nem a transmissão em direto da competição, através de um canal de televisão por cabo e do sítio oficial da prova na Internet, afastou os seguidores do desporto surfado, muitas vezes encarado como um modo de vida.
"Para mim, o Kelly Slater é um 'deus', com esta sua forma de ser, e uma referência. Adoro a sua personalidade, o modo de estar. É uma pessoa que, depois de estar na água, consegue estar aqui 20 minutos a distribuir autógrafos. É incrível", afirmou o madrileno David Redondo, de 19 anos, após ter conseguido que o norte-americano deixasse a sua assinatura na prancha de surf.
Enquanto esteve em prova, Slater, que ocupa a segunda posição do "ranking", apostou em nove ondas e o seu estatuto era comprovado pelas reações vindas do areal, os aplausos e assobios a cada investida bem-sucedida, contra a quase indiferença perante as tentativas dos adversários.
No final, o norte-americano garantiu o acesso direto para a terceira eliminatória, com 13,67 pontos, resultantes das suas duas melhores ondas avaliadas em 8,17 e 5,5, e relegou para a repescagem os compatriotas Damien Hobgood e Dillon Perillo.
A vitória de Slater, que luta pela sua 52.ª vitória no circuito e a terceira consecutiva em 2012, deixa-o de "folga" durante o resto do dia provavelmente para tristeza de muitos "fiéis" que, no entanto, não abandonam a praia. E muitos viram a persistência recompensada com uma fotografia ou com um simples autógrafo.
"O Slater é um ídolo para mim, uma pessoa que consegue ser 11 vezes campeão do Mundo aos 40 anos tem de ser um exemplo de sucesso e perseverança", revelou Guilherme Romão, de Cascais, que, aos 15 anos, se estreia a acompanhar presencialmente um campeonato de surf.
Igualmente debutante e, certamente, menos crente é a chinesa Cynthia Ji, de 24 anos, que estuda em Portugal há meio ano, e, sem conhecer, decidiu tentar um autógrafo de Slater.
"É a primeira vez que vejo surf, não temos disto na China. Nunca tinha ouvido falar no Kelly Slater, mas tem uns olhos lindos, uma bonita assinatura e é muito, mas muito, simpático", frisou Ji.
Tal como o norte-americano, também os brasileiros Adriano de Souza e Alejo Muniz, o havaiano John John Florence e os australianos Kieren Perrow, Joel Parkinson, Owen Wright e Josh Kerr já asseguraram a passagem à terceira ronda, enquanto Mick Fanning, campeão do Mundo em 2007 e 2009, ainda terá de disputar a repescagem.
No final da primeira ronda, no 12.º "heat", entra em prova Tiago Pires, o único surfista português no circuito, frente aos australianos Julian Wilson e Adrian Buchan.