Szczesny anunciou a retirada, mas a lesão de Ter Stegen adiou-lhe os planos de se dedicar à família. Com ele, o Barça ganhou 20 de 23 jogos.
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Não foi só a vida de Szczesny que mudou quando o ex-ex-guarda-redes – assim mesmo – aceitou o convite do Barcelona para colocar a reforma em suspenso, mas já lá vamos. Para já, isto: meses antes, o polaco havia anunciado o final precoce da carreira, justificando que “apesar de o corpo ainda estar preparado, o coração já não acompanha”. Tinha 34 anos e vinha de mais uma época como titular da Juventus. A ideia passava por “dedicar toda a atenção à família” e nas primeiras semanas foi o que fez, numa espécie de ensaio do que seria o resto da vida. Até era feliz, admitiu. Só que “ser feliz não é suficiente”, acrescentou. Esta conclusão com ares filosóficos atirou-a em outubro durante a apresentação como novo guarda-redes do Barcelona, que precisava de alguém para substituir Ter Stegen, indisponível para os próximos meses, devido a lesão. A reforma, afinal, seria outra. Mas nem por isso pior.
As primeiras semanas no Barcelona passou-as no banco, a ver Iñaki Peña na baliza, e a estreia com a camisola “culé” deu-se apenas em janeiro, num jogo para a Taça do Rei. Repetiu a titularidade dias depois, na meia-final da Supertaça, e depois disso só foi preterido uma vez, na 20.ª jornada da La Liga, num insosso 0-0 com o Getafe. Aí, o Barcelona tinha menos sete pontos do que o líder Real Madrid, mas esse cenário tinha os dias contados. É que Szczesny assumiu, de vez, a baliza blaugrana na jornada seguinte e virou talismã para a equipa de Hansi Flick. O Barça só empatou dois dos primeiros 22 jogos que realizou com o polaco a titular e apenas ao 23.º perdeu, num irrelevante jogo em Dortmund, na última terça-feira. Está na final da Taça do Rei, vai disputar as meias-finais da Liga dos Campeões e tem o primeiro lugar no campeonato espanhol seguro por quatro pontos de vantagem sobre o Real Madrid. “Há uns meses estava na praia, não queria jogar futebol, e agora tenho a oportunidade de o fazer naquela que creio ser a melhor equipa da Europa. É surreal”, assumiu o próprio recentemente, desvalorizando, por outro lado, a sua importância nos bons resultados do Barcelona: “Coincidência”.
Seja o que for, a verdade é que o Barça chega a esta altura da época com aspirações legítimas ao ‘triplete’ e não é possível dissociar isso da contratação de Szczesny, o ex-aposentado a quem ser feliz não chega. Há reformas piores.