Troféu do campeonato demorou cerca de mês e meio a ser construído, em Gondomar.
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A obra nasceu pelas mãos de Nuno Martins, que desenhou um troféu recheado de significado histórico, capaz de combinar vários elementos do património representativos de Portugal, numa peça concretizada com arte e materiais nobres por Domingos Guedes, ourives de Gondomar, um apaixonado e perfecionista. "Os responsáveis da Liga andavam à procura de alguém que fizesse o troféu e estavam com dificuldade, até chegarem a nós. Assumimos o trabalho, embora duvidassem que fosse possível, de tal forma que o Tiago Craveiro quis assistir à execução da obra.
A partir do desenho de Nuno Martins, tiraram-se medidas e fizeram-se os moldes e a taça nasceu. No início foi mais complicado, mas hoje estamos habituados", contou Domingos Guedes, que assumiu um desafio que rapidamente passou de alternativa à ourivesaria tradicional para a atividade principal no trabalho desenvolvido diariamente na oficina.
Há muito que a Liga deixou de ser cliente único, o impacto que teve a taça de campeão de Portugal já abriu e continua a abrir portas pelo Mundo fora. A Taça da Liga, que combina cristal Atlantis e materiais nobres, foi premiada nos Estados Unidos e a empresa de Domingos Guedes viu a Federação Portuguesa de Futebol não só recorrer aos seus serviços como contribuir com mais clientes. "A taça é aquilo que a Liga é e representa Portugal. É um troféu muito complexo de se fazer. Tem a nossa história e Portugal representados. Precisamos de começar cedo, porque há pormenores, muita perícia, carinho e delicadeza. Hoje falamos de um mês a mês e meio para entregar um troféu como este. Mas ficamos felizes e orgulhosos, porque é um troféu único e a Liga sabe que tem um troféu maravilhoso", confessa um ourives apaixonado.
As etapas de construção são inúmeras: "Temos de executar os moldes, antes de a confecionar. Na fase dos acabamentos, tem de ser tudo bem polido e banhado em prata, com mais de 10 mícrons [unidade de medida] e ouro. Temos tinas com banhos de prata e ouro com uma capacidade bastante razoável, onde mergulhamos o trabalho e depositamos ali o metal nobre. À medida que as peças vão tendo cores diferentes, temos de as montar. Depois é tudo acoplado, soldado em algumas partes, com soldas bem batidas, caldeadas, limadas e lixadas para não se notarem. Até chegar à mão do vencedor do campeonato está ali muito trabalho e dedicação".
Pedro Proença, presidente da Liga de clubes, estará perto de Coimbra, a aguardar pelos resultados, para entregar o troféu gravado no local, com o nome do clube campeão de Portugal.
Benfica ou F. C. Porto, um deles terá esta obra de arte nas mãos.