Fernando Gomes, administrador da SAD portista com o pelouro financeiro, admitiu que os dragões, "tal como os outros grandes clubes portugueses", terão de voltar a vender no próximo verão, esperando que essa necessidade não surja já no mercado de transferências de janeiro de 2024.
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Durante a apresentação do relatório e contas de 2022/23, que fecharam com um prejuízo de 47,6 milhões de euros, o dirigente portista explicou a razão do saldo negativo e lembrou que o exercício do primeiro trimestre da presente temporada deve ter um lucro recorde.
"Fazendo um exercício muito simples para todos perceberem: vão entrar 60 milhões de euros [da venda de Otávio ao Al Nasr], mais 43M€ do acesso à Liga dos Campeões, só aqui estão 103M€. Portanto, teremos um segundo semestre [de 2023/24] a começar com resultados fortes financeiramente, coisa que nos últimos anos não acontecia. Isto leva-nos a crer que, se as coisas correrem conforme o previsto, a 31 de dezembro teremos um excelente resultado, de alguma maneira para compensar este mau resultado. Daqui até dezembro ainda temos o que pode resultar da passagem aos oitavos [da Champions] e, além disso, as vitórias que o F. C. Porto possa atingir [na fase de grupos]”, afirmou Fernando Gomes.
Apesar das boas perspetivas para o primeiro semestre da presente temporada, Fernando Gomes assume que este não é um momento para relaxar: "Quem me dera que o nível de preocupação fosse zero. Não é, por uma razão simples: independente do equilíbrio das contas, há sempre uma gestão financeira que pode pôr em causa a boa execução dos objetivos desportivos do clube. Vendemos o Otávio por 60 M€, mas não os recebemos imediatamente. As contas [do próximo exercício] refletem os 60 M€, mas a caixa não. Registámos 20 M€ no momento da subscrição do contrato, mas faltam 40 M€. Muitas vezes um bom resultado contabilístico pode não significar que temos o equilíbrio necessário para poder corresponder a todas as responsabilidades. A preocupação existe? Existe sim".
O administrador financeiro espera, portanto, que o F. C. Porto não tenha de transferir futebolistas no próximo mês de janeiro, mas prefere não dar isso por garantido: "Esperemos não ter necessidade de fazer qualquer venda em janeiro. Agora, o mercado funciona em janeiro e não nos esqueçamos que temos vários jogadores com cláusulas de rescisão, que podem ser batidas pelos nossos concorrentes. Portanto, nunca podemos assegurar que não vendemos em janeiro. O que a administração gostaria, falando pelo presidente, era de não ter nenhum sobressalto para que qualquer jogador saia do plantel. Agora, as regras são de tal ordem, que há coisas que não podemos controlar”.
Os dragões vão, assim, tentar manter o plantel ao longo de toda a temporada, algo que não se vai repetir, seguramente, no próximo defeso. O F. C. Porto, tal como todos os outros clubes portugueses, está obrigado a vender e a gerar mais-valias para manter as contas controladas.
"Não quero iludir ninguém. O F. C. Porto só terá contas equilibradas com mais-valias da venda de passes de jogadores. Se não tiver mais-valias de passes de jogadores, esqueçam. Não há condições para equilibrar contas. Pode ter um ano ou dois e conseguir aguentar, mas para ter contas equilibradas, no atual quadro económico-financeiro do futebol português e do F. C. Porto, para o ano teremos de fazer mais-valias que andarão sempre entre os 40 e os 50 milhões de euros. Isso é o que consta do nosso orçamento para a época em curso”, afirmou Fernando Gomes.