
Fábio Poço/Global Imagens
Muito se tem dito e escrito, nos tempos mais recentes, sobre este Mundial. Além da incontornável novidade relativamente à data, que obriga à paragem das principais ligas profissionais, têm sido imputadas várias suspeitas de corrupção - nomeadamente compra de votos a várias federações - em torno da decisão da FIFA. Não fora, per si, suficientemente grave o que descrevi, há ainda a questão relacionada com exploração laboral e a intolerância relativamente aos direitos humanos.
Do ponto de vista humano e social, como é evidente, tudo o que descrevi merece veemente reprovação. Todavia, a questão que se coloca é a de saber como foi possível chegarmos a este ponto, considerando que, a decisão de atribuição do mundial ao Catar, data de dezembro de 2010, e, até onde julgo saber, àquela data, já as situações antes descritas eram uma realidade naquela península do Golfo Pérsico, sendo que tudo se passou, afinal, como se nada de grave se passasse.
Portugal ficou colocado entre as oito melhores equipas do mundo, fruto de um trabalho hercúleo do selecionador, que teve de contornar os adversários nos respetivos jogos, bem como outros "adversários" que deveriam estar do nosso lado, mas que por circunstâncias inimagináveis engrossaram o número daqueles que que nos queriam abater. Foi duro.
Por incrível que possa parecer, o selecionador apresentou no último jogo a equipa mais consensual de todas quantas escolheu nesta participação no mundial, e até das últimas apresentadas em competição, e mesmo assim, não resultou. Importa ir ao encontro de soluções, através de uma reflexão profunda, escolher as pessoas certas para dialogar e definir, sem vacilar, a estratégia para o futuro, tendo a consciência que a perfeição, sendo inatingível, não dispensa ninguém do esforço diário.
*Presidente da Associação Nacional de Treinadores de Futebol
