"Tudo é possível na vida", diz canoísta Alex Santos que vai aos Jogos Paralímpicos
A certeza de que "tudo é possível na vida" levou Alex Santos a ir além das expectativas habituais de quem está remetido a uma cadeira de rodas, já que o canoísta vai representar Portugal nos Jogos Paralímpicos.
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"Com a vida aprendi que tudo é possível, basta tu quereres", simplificou o atleta de 38 anos, que garantiu a vaga portuguesa para o KL1, que disputava com Floriano Jesus na Taça do Mundo da Hungria, em Szeged.
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Aos 16 anos, Alex Santos apanhou um vírus que lhe provocou uma "inflamação" que lhe mudou radicalmente a vida: "Era surfista. Senti dor nas costas. Fui para o hospital e só saí após dois anos. Paraplégico".
A fase de recuperação que se sucedeu ao choque incluiu psicólogos e psiquiatras, num período em que a vida lhe ensinou "muitas coisas".
Disputar uns Jogos Paralímpicos nem lhe passava pela cabeça quando há quatro anos começou a fazer canoagem no CC Amora, onde é treinado por Nuno Henriques, "o homem mais apaixonado da canoagem em Portugal", num clube no qual se sente "perfeita e plenamente integrado".
Conciliar o trabalho com a prática da canoagem, ainda por cima adaptada, não é tarefa fácil, tornando-se "fundamental" o apoio da sua empresa, a Logoplast, que inclusivamente montou um ginásio para o incentivar.
"No Filipe de Botton centralizo as inúmeras pessoas a quem tenho de agradecer e sou muito grato", disse, referindo-se ao empresário que o motiva "constantemente" para os seus sonhos.
As rotinas do designer passam por "acordar às seis ou sete da manhã, treinar, trabalhar e no fim treinar de novo". "Chegar a casa perto da meia noite e no dia seguinte é tudo igual. É difícil, mas é possível", garante.
Alex Santos nasceu em Porto Seguro, Brasil, mudando-se, aos seis anos, para Portugal, um país que logo assumiu como seu.
"É uma sensação fora do normal. Vestir a camisola de um país para representar num campeonato do Mundo ou da Europa é uma coisa inacreditável. Levo isso muito a sério. Quando se trata de um país que adoro, pelo qual sou apaixonado... é formidável", concluiu.
Em Tóquio2020, Alex Santos vai competir juntamente com Noberto Mourão (VL2), que nos Mundiais de 2019, também em Szeged, garantiu a estreia da canoagem adaptada lusa nos Jogos Paralímpicos.