Portugal vai defrontar a Turquia na meia-final do play-off de apuramento para o Mundial do Catar. E, fazendo uma análise mais detalhada do que valem os turcos, a uma coisa é certa: as quinas podem esperar tudo menos facilidades frente à seleção que é orientada pelo alemão Stefan Kuntz desde meados de setembro de 2021.
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Para quem acha que a Turquia não deve colocar grandes problemas a Portugal, basta um olhar mais atento ao que tem feito a seleção desde que é orientada pelo alemão Stefan Kuntz, que em setembro de 2021 sucedeu a Senol Gunes, afastado após à goleada sofrida nos Países Baixos (6-1), para perceber que isso não é verdade.
Os turcos até começaram a qualificação para o Mundial do Catar em grande estilo, batendo os neerlandeses em casa (4-2) e a Noruega fora (3-0), mas seguiu-se uma fase complicada, incluíndo a fraca prestação na fase final do Euro 2020 - três jogos, três derrotas -, que acabou por levar à mudança de selecionador. Saiu Gunes e entrou Stefan Kuntz, que levou os Sub-21 da Alemanha aos títulos europeus em 2017 e em 2021, este último ao derrotar (1-0) na final... Portugal.
Com passagem pelo futebol turco como jogador (esteve um ano ao serviço do Besiktas), o efeito Kuntz fez-se notar quase imediatamente, com a Turquia a conseguir garantir o segundo lugar no Grupo G da qualificação europeia e o acesso ao play-off, graças a três triunfos e um empate sob a liderança do técnico alemão, que segue invicto em jogos oficiais.
Aquilo que a Turquia fez antes deste play-off com Portugal mostra uma seleção com duas caras: poderosa no ataque, como evidenciam os 27 golos apontados em 10 jogos (2,7 de média por jogo), mas permeável na defesa, pois sofreu 16 golos durante a qualificação. Mas há um dado curioso a reter desde a chegada de Kuntz: conseguiu manter a veia goleadora (11 tentos) e ao mesmo tempo mostrar uma maior consistência defensiva, sofrendo apenas três golos nos quatro jogos com o alemão no banco.
E se olharmos para a atual composição da seleção vemos que longe vão os tempos em que a maioria dos jogadores atuava no país. Hoje, e olhando para os 26 jogadores que Kuntz escolheu para o play-off com Portugal, vemos que 12 deles evoluem no estrangeiro, em algumas das principais ligas europeias (Inglaterra, Itália, Espanha, França, por exemplo) e ao serviço de clubes de topo. As estrelas mais cintilantes são o médio Hakan Çalhanoglu, figura de proa do Inter, campeão italiano em título, e o experiente avançado Burak Yilmaz, companheiro nos franceses do Lille dos lusos José Fonte e Tiago Djaló, dois dos eleitos por Fernando Santos.
Da lista ressaltam ainda mais dois nomes: Sinan Bolat e Merih Demiral. O primeiro é o guarda-redes do Gent (Bélgica), mas já defendeu a baliza do F. C. Porto. Já o segundo, defesa central de 24 anos que joga na Atalanta cedido pela Juventus, passou pelo Sporting, atuando maioritariamente pela equipa B e pelos Sub-19 - fez um único jogo pela formação principal, em 2017/18.
A Turquia de Kuntz tem revelado uma excelente consistência tática e conseguido aliar a parte técnica com a física, tão do agrado dos treinadores da escola alemã. No Dragão, e sabendo que irá enfrentar um ambiente desfavorável, iremos certamente observar uma equipa que deverá privilegiar a ocupação dos espaços, concedendo o domínio a Portugal, e apostar em rápidas transições ofensivas, para tentar surpreender a defesa adversária.
Isso mesmo previu Rúben Ribeiro, jogador dos turcos do Hatayspor, em recente entrevista ao Caderno Ataque do Jornal de Notícias, ao traçar este retrato da Turquia: "É uma seleção muito interessante e organizada. Tem jogadores ao mais alto nível, mas creio que a maior força está no ataque, onde tem grandes futebolistas, como Çalhanoglu, que joga no Inter, e Burak Yilmaz, do Lille. Por isso, acredito que vão esperar por Portugal e tentar criar perigo e surpreender no contra-ataque, tendo em conta a qualidade que têm nesse setor."
Quinta-feira, dia 24, logo se verá como a Turquia vai encarar o duelo com Portugal no Dragão, mas, reforço, uma coisa é certa: a seleção das quinas pode esperar tudo menos facilidades.
Os 26 convocados da Turquia:
Guarda-redes: Altay Bayindir (Fenerbahçe), Sinan Bolat (Gent/Bélgica) e Urgucan Çakir (Trabzonspor).
Defesas: Zeki Celik (Lille/França), Mert Muldur (Sassuolo/Itália), Caglar Souyncu (Leicester/Inglaterra), Merih Demiral (Atalanta/Itália), Ozan Kabak (Norwich/Inglaterra), Serard Aziz (Fenerbahçe), Caner Erlin (Karagumruk) e Ridvan Yilmaz (Besiktas).
Médios: Abdulkadir Omur (Trabzonspor), Cengiz Under (Marselha/França), Yunus Akgun (Adana Demirspor), Berkan Kutlu (Galatasaray), Dorukhan Tokoz (Trabzonspor), Orkun Kokçu (Feyenoord/Países Baixos), Taylan Antalyali (Galatasaray), Hakan Çalhanoglu (Inter/Itália), Yusuf Yazici (CSKA Moscovo/Rússia), Dogukan Sinik (Antalyaspor) e Akturkoglu (Galatasaray).
Avançados: Burak Yilmaz (Lille/França), Enes Unal (Getafe/Espanha), Serdar Dursun (Fenerbahçe) e Umut Bozok (Kasimpasa).