Rui Costa, eleito há 365 dias, melhorou ambiente no clube da Luz, afastou-se de Vieira e focou-se na reconquista de títulos
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Com o foco de unir o clube e ganhar, Rui Costa foi eleito como presidente mais votado na história do clube, há um ano, depois de três meses de liderança interina, num clima de profundo tumulto, motivado pela detenção e suspensão de mandato de Luís Filipe Vieira, que dividiu o universo benfiquista.
Trezentos e sessenta e cinco dias depois da legitimação, o responsável pode, para já, gabar-se de ter cumprido parte do objetivo, nomeadamente de suavizar o clima de crispação, unir a grande maioria dos adeptos - ambiente da última assembleia é prova disso - e trazer paz institucional ao clube.
No plano desportivo ainda não assinou as conquistas desportivas projetadas - títulos no futebol profissional - mas tem como evidente atenuante o facto de só este verão ter implementado a estratégia de clara aposta na vertente desportiva em detrimento da componente financeira (a época anterior foi ainda preparada por Luís Filipe Vieira, que foi detido a 7/7/2021). Uma opção refletida no exercício negativo de 2021/22, mas assumida publicamente de forma consciente e em contraste com um passado fundamentalista na obsessão pelos números.
Rui Costa transformou o plantel, reduziu a massa salarial e apostou em Roger Schmidt, uma decisão que concede para já sinais auspiciosos face ao arranque da época (14 vitórias e dois empates na época). O ex-futebolista afastou-se da sombra de Luís Filipe Vieira, ao qual reconheceu a obra, e conservou o silêncio quando foi visado pelo anterior líder. Na estrutura interna conservou Soares de Oliveira (CEO da SAD), mas chamou um gestor da sua confiança (Luís Mendes), e lidera a SAD que mudou a estrutura decisória, em face da presença de um administrador que representa José António dos Santos, acionista próximo de Vieira. No futebol, resgatou Lourenço Coelho, antigo diretor geral, com a ideia de reconstituir parte da estrutura anteriormente vencedora e manteve Rui Pedro Braz como diretor desportivo.
Adotou ainda um registo de "low profile" com os rivais, embora tenha recentemente atirado farpas ao Sporting (não temos perdões bancários) e atacou a arbitragem na época transata, em fevereiro de 2022, quando entendeu que era altura de dizer "basta".
O Conselho de Disciplina tem sido alvo de ataque comunicacional do clube, mas sem a participação formal do líder. Presidente adepto manteve a presença assídua nas bancadas dos estádios e pavilhões. E recusa a ideia do sócio motivado pela relação comercial. "Não sou cliente do clube, sou adepto apaixonado", salienta, de forma convicta.
Sobe Desce
A subir
Paz com 300 mil sócios
Privilegiou a união interna para suavizar a cisão motivada pelos sobressaltos legais da liderança de Vieira. Viu o clube passar os 300 mil sócios.
Renovação no futebol
Liderou processo de reformulação do futebol com redução salarial de 15% e contratou novo técnico, com resultados positivos até à data.
Imagem europeia
A imagem europeia melhorou nas últimas duas épocas. Quartos de final da Champions em 20/21 e bom arranque em 2021/22.
Conquistas internacionais
Assíduo no pavilhão, viu o andebol vencer a Taça EHF, o basquetebol chegar à Champions e a formação conquistar a "Youth League" e a Intercontinental.
A descer
Sem títulos profissionais
Ainda não venceu qualquer título no futebol profissional, embora tenha a forte atenuante de ainda estar a começar a época que verdadeiramente preparou. Na anterior entrou com o comboio em andamento.
Contas negativas
A quota de responsabilidade, face ao timing de entrada, é semelhante com a do ponto anterior. Os 35 milhões de euros negativos - 17,4 em 20/21 - mais recentes são assumidos como fruto da opção de não vender.
Auditoria
Reclamada pelos associados sobre a anterior gestão, ainda não conheceu a luz do dia, embora haja a promessa de ser revelada até final da época.
Revisão de estatutos
A Direção criou comissão e já recebeu proposta. Há a promessa da limitação de mandatos defendida por Rui Costa e o tema será discutido em tempo oportuno.