Artur Rodrigues alimenta a alma de paixão benfiquista, porque em criança deixava-se fascinar pelo brilho de Eusébio, mas também nutre um carinho especial pelo F. C. Porto, vibrando com os triunfos rivais. Não há nenhuma confusão nem se trata de alguém que navega ao sabor das conveniências. É apenas um emigrante luso, de 53 anos, vice-presidente da Associação Portuguesa de Gutersloh, na Alemanha, a cerca de dez quilómetros do local onde estão a estagiar os portistas.<br />
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Mesmo sendo benfiquista foi a Viena ver o F. C. Porto sagrar-se campeão europeu frente ao Bayern Munique. “A segunda parte é inesquecível e senti uma enorme alegria, porque ninguém acreditava na vitória”, conta, ao JN. Natural do Montijo, residente na Alemanha há 39 anos e mecânico de profissão, voltou a assistir ao vivo à segunda vitória europeia dos dragões. “Em Gelsenkirchen foi uma loucura. Ainda hoje guardo os bilhetes dos dois jogos”.
Mas, depois, as palavras envolvem-se em mágoa. Artur Rodrigues é benfiquista, assistiu às duas finais do F. C. Porto, mas nunca presenciou uma final do seu clube. “Quando o Benfica jogou com o PSV, em Estugarda, estava de férias em Portugal. Com o Milan, em Viena, tive de escolher entre ser operado ao menisco ou ir ao estádio. Preferi ser operado”.
Sempre que os dragões estagiam em Marienfeld, visita o hotel para pedir autógrafos. Guarda algumas preciosidades, como uma rúbrica de Mourinho numa garrafa de cerveja. “Quando estou com o F. C. Porto é como se estivesse mais próximo de Portugal. Tenho amigos portistas e vibro com as vitórias internacionais do clube, porque são vitórias de Portugal. Quando se está no estrangeiro não há rivalidades”. Mas nos jogos nacionais a história é outra: “Torço pelo Benfica, claro”.
Vice-presidente da Associação Portuguesa de Gutersloh, composta por 150 sócios num universo de 300 portugueses na região, ajuda a organizar convívios entre a comunidade e viagens ao interior da Alemanha.