Sérgio Raimundo, adjunto do novo campeão australiano, explica como o Central Coast Mariners renasceu das cinzas.
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"Um saco de bolas e um bocado de relva onde as pessoas passeiam os cães". Em 2019, quando Sérgio Raimundo trocou o Canadá pela Austrália para juntar-se ao amigo Nick Montgomery, o cenário não podia ser mais desanimador. O Central Coast Mariners, campeão em 2013, arrastava-se, não tinha pessoas no estádio, repetia resultados terríveis na liga e não mostrava sinal algum de uma possível melhoria. Onde a maioria via uma montanha insuperável de problemas, eles viram uma oportunidade. Iniciaram uma revolução e quatro anos depois fizeram dos Mariners campeões, "com a equipa mais jovem de sempre da liga e com o orçamento mais baixo do campeonato". "Ninguém estava à espera", admite Sérgio Raimundo, ao JN. Na final, o título ficou garantido com um memorável 6-1 ao Melbourne City.
Hoje, o clube que já não está de costas voltadas com a comunidade de Gosford tem "departamentos de fisiologia e scouting", pessoas que se "ocupam do bem-estar dos jogadores", "saunas, banheiras de gelo, ginásios". "Criámos tudo de raíz, fizemos tudo à nossa imagem", vinca o português, de 36 anos. Acima de tudo, no entanto, está uma aposta declarada "nos meninos" e numa ideia de jogo "atacante, divertida e que valoriza o espetáculo". Primeiro, Nick Montgomery e Sérgio Raimundo levaram a equipa B a resultados inesperados; depois, foram desafiados a fazer o mesmo na principal. Porque não?. Até porque iam reencontrar jogadores que haviam sido lapidados por eles, já que o clube, ainda por cima fragilizado pelas consequência da pandemia de covid-19, continuava em dificuldades financeiras e não tinha alternativas a não ser aproveitar o que formava, diminuindo, assim, as despesas; essa aposta permitiu, mais tarde, arrecadar proveitos financeiros. "Transferimos jogadores para Escócia, para Inglaterra", revela Sérgio Raimundo. "No primeiro ano, apesar de as outras equipas terem investido bastante, fomos aos play-off e à final da taça pela primeira vez na história do clube", salienta o técnico português.
Os Mariners estavam lançados e as alegadas fragilidades, afinal, revelaram-se proveitosas. Mesmo que à maioria não parecesse. "Esta época, toda a gente pensou que nem conseguíamos ir aos play-off, mas surpreendemos outra vez. Na final, falaram muito na história do David contra o Golias porque o adversário pertence ao grupo que também detém o Manchester City", explica. Em quatro anos, os Mariners reergueram-se e da revolução nasceu um campeão.