
Eusébio e Coluna, provavelmente as duas maiores figuras da história futebolística do Sport Lisboa e Benfica "desapareceram" em 2014, em menos de dois meses, e o título de 2013/2014 foi conquistado em seu nome.
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O "Pantera Negra" morreu a 05 de janeiro, com 71 anos, enquanto o "Monstro Sagrado" faleceu 51 dias depois, a 25 de fevereiro, com 78, "roubando" ao mundo dos vivos duas "lendas", dois jogadores irrepetíveis, ambos naturais de Moçambique.
A sua história confunde-se com a do Benfica, com a sua grandeza, não tivessem eles sido figuras centrais na década de 60 do século passado, quando os "encarnados" foram "reis" na Europa, com a conquista de dois títulos e a presença em mais três finais.
Em 16 épocas na Luz, Coluna venceu duas edições da Taça dos Campeões, 10 campeonatos e sete vezes a Taça de Portugal, enquanto Eusébio só participou na segunda vitória europeia e conquistou menos duas taças, mas somou mais um título nacional, sendo o recordista na matéria, com 11.
Coluna ganha em matéria de títulos coletivos (19 contra 17), mas, individualmente, Eusébio foi "rei", como nenhum outro, com os seus 473 golos em 440 jogos oficiais pelo Benfica, que o conduziram à "Bola de Ouro" e a duas "Botas de Ouro".
Seis anos e meio mais velho, Coluna chegou primeiro, em 1954/55, quase a completar 19 anos (nascera em Inhaca, a 06 de agosto de 1935), enquanto Eusébio, nascido a 25 de janeiro de 1942, em Lourenço Marques, agora Maputo, apenas apareceu na Luz em 1960/61, era então um "miúdo" de 18.
Quando Eusébio aterrou no Benfica, que o conseguiu "roubar" ao Sporting de Lourenço Marques, Coluna já era "grande", uma das referências de uma equipa que, ainda sem o "Pantera Negra", venceu a Taça dos Campeões em 1960/61, graças a um triunfo por 3-2 sobre os espanhóis do FC Barcelona, em Berna, Suíça.
Mesmo numa equipa campeã europeia, Eusébio conseguiu, rapidamente, entrar no "onze", com a bênção de Coluna, ou melhor do "senhor Coluna", a forma com o "miúdo" tratava aquele que era o "patrão" do conjunto comandado por Bela Guttmann.
O respeito pelo "Monstro sagrado" contrastava com a irreverência que mostrava nos relvados, onde cedo começou a revelar uma categoria imensa, que o conduziram, num ápice, ao estatuto de um dos melhores jogador do Mundo, sendo decisivo no segundo título europeu, com um "bis" ao Real Madrid (5-3).
Ao lado de Coluna e Eusébio, muitos outros "brilharam", como José Águas, António Simões, José Augusto, José Torres ou Jaime Graça, fazendo do Benfica não só o melhor de Portugal, como a equipa número 1 da Europa nos anos 60 do século XX. Provavelmente, é por eles que o Benfica continua a ser o "maior" de Portugal.
Depois de 16 épocas, 19 títulos e 525 jogos oficiais, nos quais marcou 127 golos, Coluna deixou o Benfica, enquanto Eusébio ainda ficou mais cinco anos, engrandecendo o seu palmarés coletivo e individual, que inclui sete troféus de melhor marcador do campeonato - 317 golos, em 301 jogos.
Nas bancadas da Luz, os seus nomes são agora entoados jogo após jogo e o clube vive um ano de luto, recusando-se a esquecer as duas "lendas". Após a morte de Eusébio, no jogo com o FC Porto, foram mesmo 11 "eusébios" (todos jogaram com o nome do "Pantera Negra" nas costas) a vencer os "dragões" por 2-0.
Ambos andaram por outras paragens, mas a carreira de Eusébio e Coluna foi, a nível de clubes, o Benfica, que, na mesma época, teve de despedir-se de ambos. Eusébio partiu com 11 campeonatos e Coluna com 10, mas este, o 33.º do clube, também é deles.
