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Saiu a sorte grande a Roberto Martínez. Percebe-se que entregue a responsabilidade aos homens com mais estatuto, mas o que fazer quando eles não se mexem? Ficar de braços cruzados?
Alguns não dão mais porque a biologia é irreversível. Outros chegaram em má forma física depois de épocas desgastantes, sobretudo os que vêm de Inglaterra, Dalot, Bruno Fernandes, Bernardo Silva, Jota. Não é justo exigir a Ronaldo e Pepe o que já não têm para dar, mas as ausências de Bruno Fernandes e Bernardo Silva, as nossas grandes esperanças, são mais problemáticas, porque não são eles que entram em campo, mas as suas sombras.
Dos novos, Vitinha deslumbrou-se depois do desempenho contra Chéquia. Ainda assim, ao menos corre e organiza uma ideia de jogo, por muito pálida que seja, mas é mais fácil tirá-lo do que qualquer um dos que não se mexem. Além disso, as referências podem sempre tirar um coelho da cartola, mesmo em câmara lenta. Martínez joga na fé, portanto.No fundo, o que diz ao plantel é que, depois duma Geórgia trucidada pela intratável Espanha, prefere estrelas cansadas a novatos frescos, Matheus Nunes, João Neves. Não confia neles para grandes momentos.
A verdade é que Portugal não joga, exibe-se, tenta alimentar o Instagram de Ronaldo. Mas ser favorito não é um mar de rosas. O jogo contra a Eslovénia foi um acto de fé e não o passeio que se esperava. E só não foi um espinho porque Diogo Costa teve uma noite de milagre. Mas a França está à porta - e corre demasiado para as nossas posses.