Marie-Louise Eta fará história ao ser a primeira treinadora a estar no banco de um jogo da liga alemã, pelo Union Berlin.
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A decisão de Kevin Schade, jogador alemão do Brentford, em cortar relações com o empresário Maik Barthel, na sequência de considerações negativas e preconceituosas deste sobre a aposta do Union Berlin numa treinadora-adjunta, é sintomático de como ainda há muito lixo para varrer até ser normal ver mulheres a trabalhar e a fazer carreira no futebol masculino. Claro que o facto de Marie-Louise Eta se ter tornado apenas na primeira a integrar uma equipa técnica na Bundesliga também não ajuda, mas os mais otimistas confiam que o despedimento de Urs Fischer, agora figura lendária e de culto do clube da capital germânica, que levou da segunda divisão à Liga dos Campeões, tenha anunciado o precedente que faltava para o género deixar de ser um fator relevante no estreitíssimo mundo futebolístico.
Torce-se, então, para que o Union Berlin-Augsburgo deste sábado (14.30 horas) marque um antes e um depois no futebol da Alemanha. Pela primeira vez, uma mulher estará num dos bancos a exercer funções de treinador. Que ela seja Marie-Louise Eta não é assim tão surpreendente. “Consigo imaginar várias coisas. Assumir uma seleção jovem, treinar uma equipa na Bundesliga feminina ou equipas sub-17 ou sub-19 masculinas, trabalhar como treinadora-adjunta em Ligas profissionais masculinas...”, declarou, recentemente, numa entrevista à revista “Kicker”, depois de ter obtido a Licença Pro, o nível mais alto de formação de treinadores. Na sua turma, era a única mulher.
Ex-jogadora, ex-internacional pela Alemanha, campeã alemã e europeia, Marie- Louise Eta, 32 anos, tem todo um percurso que lhe atesta competência para estar onde está e que sustenta a posição do presidente do Union Berlin em garantir que não lhe foi dada a oportunidade “por causa do seu género, mas por ser uma treinadora excelente e totalmente qualificada”.