Lances que foram invalidados por centímetros acendem a discussão sobre uma regra que pode mudar.
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A luta pelo título e pelo acesso direto à Champions continua acesa e deve ser discutida ao centímetro até ao fim do campeonato. No sentido literal, é também ao centímetro que se analisam lances de fora de jogo, decididos pelo VAR com as célebres linhas vistas nas transmissões televisivas. Numa recolha feita com base nas partidas de Sporting, F. C. Porto, Benfica e Braga, o JN concluiu que os videoárbitros anularam, até à 25.ª jornada, 16 golos às quatro equipas da frente da tabela, em lances de offside.
O mais apertado de todos aconteceu na passada segunda-feira, quando o leão Pedro Gonçalves foi apanhado dois centímetros em fora de jogo antes de marcar um golo, no jogo que o Sporting viria a empatar em Moreira de Cónegos. Em jornadas anteriores, o F. C. Porto já teve um golo anulado por três centímetros, o Benfica teve um invalidado por sete centímetros e o Braga viu fugir-lhe um por oito.
Depois de o presidente da UEFA, Aleksandr Ceferín, ter dito, em dezembro, que os jogadores não podem ser prejudicados por terem o "nariz grande", abrindo, com ironia, a porta a uma eventual mudança da regra atual e à criação de uma "margem de tolerância de 10 a 20 centímetros" (a liga holandesa já instituiu linhas mais grossas para que os lances não sejam tão discutidos ao centímetro), será que a questão continuará a colocar-se na próxima época?
"Penso que uma tolerância de 10 centímetros, por exemplo, não iria resolver nada. Haveria polémica na mesma com um golo anulado por onze centímetros ou validado por nove. Está provado que, nas imagens, a escolha de um "frame" em detrimento de outro no momento do passe pode levar a uma diferença de sete centímetros. Se se acredita no sistema, o ideal será não haver informação de centímetros na decisão do VAR em relação aos foras de jogo", diz Paulo Pereira, ex-árbitro e especialista de arbitragem.
O treinador Carlos Azenha entende que "o mais importante é definir a regra e cumpri-la sempre, sem tolerância de centímetros ou com uma tolerância qualquer", mostrando-se mais preocupado com "os erros que o VAR continua a cometer noutro tipo de lances, mesmo com recurso à tecnologia". Para Azenha, "as equipas continuam a trabalhar em treino as situações de fora de jogo, sobretudo ao nível da linha defensiva, sem pensar no VAR".