Frederico Varandas, presidente do Sporting, aproveitou esta quinta-feira a cerimónia na Câmara Municipal de Lisboa para lançar farpas a Pinto da Costa, presidente do F. C. Porto.
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"As nossas primeiras palavras vão para os nossos rivais, para os dois nossos rivais. Foram duros dentro de campo, foram adversários difíceis, acreditaram até ao fim. E obrigaram-nos a superarmo-nos a cada jornada, a bater recordes atrás de recordes. Sem eles nunca teríamos chegado aqui. Para eles, um obrigado", começou por discursar o dirgente máximo leonino.
No entanto não perdeu tempo em lancar farpas aos rivais pelas queixas ao longo da época. "Seria uma injustiça confundir duas grandes instituições com as pessoas que as representam. Cada rival tem a sua estratégia de comunicação, e é legítimo. Para uns, não venceram porque foram o único clube a sofrer de covid-19. Outro, porque só tiveram 16 penáltis. Mas todos sabem que o Sporting venceu por ter sido mais competente. venceu e festejou".
Frederico Varandas foi mais longe e extravasou a questão desportiva. "Ouvi alguém dizer que foram degradantes as festas em Lisboa, adjetivou assim, mas não concordo, claro que houve excessos impossíveis de conter tal a dimensão do clube, tal a dimensão do sentimento que carregava este título que fugia há 19 anos. Mas degradante para mim, para o clube que tenho a honra de presidir é estar envolto em escutas. Ouvir a minha voz em escutas de corrupção há anos e anos é que seria para nós degradante".
O presidente dos leões, virou depois a agulha para "os verdadeiros heróis da conquista". "Partimos para esta conquista com 50% do orçamento gasto pelos nossos rivais, com cerca de 25% do investimento de um dos nossos rivais e conseguimos graças a estes senhores que estão atrás de mim [os jogadores], graças a esta equipa técnica, por terem sido muito competentes, muito resilientes e com muito coração", enalteceu.
"Hoje estamos aqui a festejar uma vitória entre muitas outras. Tiveram início há três anos, num percurso difícil, onde sempre disse que não poderíamos vencer os nossos rivais com o atraso que tínhamos não à custa do dinheiro, nem da força, mas à custa da inteligência. mas não podia ser só inteligência, teve de ser inteligência, com muita resiliência, com muita convicção e sobretudo, nunca ceder ao populismo, ao ruído e ao exterior", continuou.
Frederico Varandas recordou os dois empates seguidos que deixaram o F. C. Porto mais perto, assinalando que fez surgir novos medos de a história se repetir e perderem, mas que esteve sempre confiante no êxito. E explicou porquê: "Pela primeira vez, apesar de sempre acreditar, escrevi à minha equipa do Conselho Diretivo a seguir ao empate do Belenenses SAD a dizer que seríamos campeões. E que seríamos campeões não por termos o melhor treinador, o melhor plantel com uma alma incrível e jovens talentos, mas por termos mudado a mentalidade do Sporting. Uma mentalidade vencedora".
"Sentimos medo todos, mas ter coragem não é não sentir medo, mas não ceder ao medo. Peço aos adeptos do Sporting para o ano que nunca mostrem medo aos nossos jogadores ou adversários", continuou.
O presidente do Sporting também elogiou Rúben Amorim. "O nosso treinador é daquelas pessoas que do ponto de vista técnico toda a gente já se rendeu. Gostava que o nosso treinador fosse bem tratado por este país, tantos países que amam o futebol adorariam que Rúben Amorim fosse da sua nacionalidade. Ele é português e é o treinador do Sporting. Ele tem uma qualidade, tem uma energia positiva, é uma lufada de ar fresco neste futebol, saibámos tratá-lo bem e tê-lo aqui, porque ele é um grande treinador", completou.
Ainda a viver a onda de euforia pela conquista, o dirigente quer ver o clube de regresso ao topo do futebol nacional. "Ao longo da minha vida vi acentuar-se a bipolarização no futebol português. Este é um momento histórico que o Sporting não pode desperdiçar. É uma oportunidade para mudar o paradigma do futebol português. Não venho prometer que seremos campeões para o ano, mas posso prometer que se o Sporting tiver cabeça fria, união e competência, tem tudo para dentro de dois ou três anos estar no topo do futebol português, a lutar olhos nos olhos", assinalou.
E prosseguiu: "Até lá, temos de continuar a subir os degraus de décadas de insucessos. Acreditamos que se mantivermos este caminho, o Sporting vai ser mais competitivo, mais forte financeiramente e vai ter mais títulos. É uma oportunidade que não podemos desperdiçar. Os nossos rivais são muito fortes e vão querer tirar-nos deste lugar. Se foi tão difícil esta conquista, mais difícil vai ser para aguentá-la. Por isso, vamos precisar de reforços. Da cavalaria, da artilharia, da força aérea, da marinha, de todos os leões. O Sporting vai precisar de cada sócio anónimo".
O ataque aos rivais não se ficou pelas primeira palavras do discurso e voltou à carga. "Quando hoje [quinta-feira] acordámos e vimos mais notícias de suspeição, de corrupção... infelizmente, não é exclusivo do desporto, é transversal à nossa sociedade. Esta vitória é uma luz ao fundo do túnel, alento e esperança para muita gente. Hoje é daqueles dias em que os avós e pais podem chegar a casa e dizer aos netos e filhos que os do bem também têm força, também têm coragem e também têm resiliência. Sobretudo, que também ganham. Que é possível vencer sem abdicar da honra, da decência, da integridade, da transparência, da nobreza do desportivismo. Isto é o Sporting", finalizou.