Villa foi criado este verão, mas já tem salários em atraso e foi a jogo sem treinador
Emblema foi fundado, entre outros, por Fábio Lopes, conhecido como Conguito, radialista da MegaHits, e estabeleceu-se em Ponte de Sor. Clube não compareceu no primeiro jogo da época e venceu o O Elvas este fim de semana com apenas 12 jogadores e sem técnico no banco.
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A história do Villa Athletic Club começou este verão e rapidamente descarrilou. O clube, fundado por "jovens amantes de futebol com ideias inovadoras", assim foi anunciada a sua criação, estabeleceu-se no concelho de Ponte de Sor, distrito de Portalegre, e filiou-se com os procedimentos normais na Associação de Futebol de Portalegre, confirmou, ao JN, o presidente do organismo, Daniel Pina.
A pré-época fez-se com estrondo. O treinador escolhido foi Meyong, antiga glória e treinador do Vitória de Setúbal, e chegaram ao plantel nomes sonantes do futebol nacional, como o antigo internacional português Edinho ou André Carvalhas, que, entre outros, defendeu as cores do Moreirense, Tondela ou Portimonense.
Apesar de sediados no concelho alentejano, os treinos da equipa do Villa decorriam em zonas da Grande Lisboa, local de residência de praticamente todos os elementos do plantel. A polémica começou no passado dia 9 de outubro, quando o clube não se apresentou no Municipal da Ponte de Sôr, para o encontro da Taça Remax frente ao Gavionenses, tendo sido aplicada a derrota por 3-0.
Edinho, de resto, já denunciou nas redes sociais a existência de salários em atraso e questionou o presidente do clube, Fábio Lopes. "Como é possível fazeres o que estás a fazer a 24 jogadores", começa por escrever, num "story" do Instagram, referindo que o plantel está à "espera dos salários em atraso". "Jogadores recusaram ir para outros projetos, jovens que se despediram por venderes um sonho que não estava sustentado e aos jovens que deixaste em casa só com água fria e sem alimentação?", atirou ainda.
A verdade é que o Villa apresentou-se no segundo jogo da Taça Remax, em Elvas, mas o insólito continuou. O recém-fundado clube, que bateu o emblema da casa por 2-0, apresentou-se apenas com 12 jogadores, que se deslocaram à cidade na fronteira com Espanha em viatura própria. No banco estava apenas um jogador, a ficha de jogo foi preenchida pelo capitão e num papel emprestado. Na bancada estavam o técnico Meyong e vários atletas inscritos no clube, bem como um massagista que saltava para dentro do relvado quando um jogador do Villa necessitava de apoio médico, regressando depois para a bancada do estádio. O próprio técnico, que não se sentou no banco, foi ao balneário ao intervalo, mas regressou para a bancada na segunda parte.
Ao JN chegou também a denúncia de André Tenente, fotógrafo que prestou serviços de fotografia ao clube num particular disputado na Moita, mas que nunca recebeu o pagamento pelo serviço. "Como é óbvio, a pouco e pouco fui percebendo que tinha sido enganado. Acabado de sair do curso de fotografia, tenho uma pequena oportunidade que se podia tornar numa boa experiência, mas acabou por ser uma farsa", relata.
O JN tentou contactar o Villa Athletic Club, mas sem reação até ao momento. A Associação de Futebol de Portalegre prometeu esclarecimentos para quarta-feira, através de uma conferência de imprensa.