O candidato à presidência do F. C. Porto abordou, esta terça-feira, vários temas da atualidade do clube e deixou várias críticas às decisões que têm vindo a ser tomadas pela direção liderada por Pinto da Costa. “Não quero entrar numa guerra suja”, garantiu o antigo treinador.
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Num evento que tinha como objetivo analisar e dissecar as contas semestrais apresentadas pela SAD do F. C. Porto, André Villas-Boas também abordou outros assuntos, entre os quais a futura Academia do clube. A atual direção quer que a mesma nasça na Maia, a lista “So há um Porto” prefere a solução Olival, em Vila Nova de Gaia.
“Sobre o Olival e a opção por Gaia continuamos ativos e esperamos mostrar o conceito ainda este mês ou no início de abril. Reunimos com a Gaiurb e estamos a espera da Agência Portuguesa do Ambiente, por causa de uns cursos de água que existem no terreno. Termos um centro de alto rendimento profissional junto à formação é o que faz mais sentido. No Olival, os terrenos têm pendente descendente rumo ao Douro, são cerca de 30 hectares, cinco campos de futebol, mais hotel de estágio, mais pavilhão para as modalidades e bancada de apoio equipa B, sub-19 e futura equipa feminina. A execução da obra está prevista durar dois anos, teremos de nos lançar em financiamento, o que poremos a concurso quando esta direção tomar posse”, detalhou André Villas-Boas.
O candidato criticou o facto de a direção liderada por Pinto da Costa ter afirmado que as máquinas já estavam nos terrenos da Maia: “Torna-se cada vez mais evidente que a Academia na Maia não passa de uma utopia e de um chorrilho de mentiras. A Academia não está em movimento, era uma promessa da candidatura de Pinto da Costa e torna-se mais evidente que a solução em Gaia pode ser uma realidade muito melhor para os sócios do F. C. Porto”.
Depois de ter sido acusado pelo atual presidente de ter pessoas na sua equipa com interesses nos direitos televisivos e na compra e venda de jogadores, André Villas-Boas admitiu que é difícil responder ao atual líder do clube.
“É difícil para mim responder sem prevaricar com o presidente. É demasiado fácil desmenti-lo e torna-se incómodo para mim chegar a este ponto. Esta candidatura era para ser positiva, com abertura com os sócios, partilha de ideias e de um bem comum. Pessoas em torno de Pinto da Costa estiveram no negócio dos direitos televisivos com Altice, pessoas da nova lista estão ligadas à centralização direitos televisivos. Nos últimos anos, o F. C. Porto tornou-se entreposto com pessoas privilegiadas para negociar jogadores com F. C. Porto”, começou por dizer antes de endurecer o discurso.
“A centralização dos direitos televisivos vai ser definida pelos clubes até 2028, não há interesses nesta campanha. Só falta decidir a chave que vai ser dividida pelos clubes. O próprio [Pinto da Costa] é que tem de esclarecer as pessoas que estão na lista dele. É uma guerra suja na qual eu não quero entrar e espero que seja possível elevar o bom nome do F. C. Porto daqui para a frente”, pediu.
Depois de Pinto da Costa ter afirmado, em entrevista a O Jogo, que a vitória do passado fim de semana sobre o Benfica (5-0) teve mais valor do que o mesmo resultado obtido quando Villas-Boas era treinador, o candidato até deu um exemplo pessoal.
“Vou dar a minha experiência desses 5-0, que me tocaram emocionalmente. Na altura estava desejoso por chegar aos 6-0, porque já tinha vivido os 5-0 do António Oliveira e eu queria esse recorde. Neste último domingo, também foi especial para mim: vivi este 5-0 com o meu filho, que até levou um amigo benfiquista. No campo pessoal vivi muito mais intensamente esta vitória do que a minha como treinador. A equipa 2011 era uma máquina trituradora, numa época marcada para sempre na memória dos portistas, por muito que o presidente a queira fazer desaparecer”, acusou, levando a um aplauso dos adeptos presentes.
Questionado sobre a possibilidade de o F. C. Porto falhar o apuramento para a próxima Liga dos Campeões e se o sucesso da atual equipa de futebol pode jogar contra si nas eleições, Villas-Boas fez questão de realçar que deseja as maiores felicidades à equipa treinada por Sérgio Conceição.
“Contra mim nunca joga, porque queremos a qualificação para a Champions, título e qualificação para os quartos da atual Liga dos campeões. Estamos determinados em lutar até ao fim e o Sérgio Conceição tem mantido a equipa concentrada na parte desportiva. Jogará sempre a favor do F. C. Porto, que é o mais importante”, realçou.