Villas-Boas: "Estamos a ser ignorados como foram os sócios ao longo dos últimos anos”
O líder da lista “Só há um Porto” foi recebido, com bombos e fogo-de-artifício, esta sexta-feira à noite na Casa do F. C. Porto de Viseu, onde teceu duras críticas à escolha da atual direção em construir a Academia na Maia, reiterando a aposta no Olival, em Vila Nova de Gaia.
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“O F. C. Porto está, finalmente, aberto ao debate, o que é bom, aconteça o que acontecer a 27 de abril. O coração do clube está no futebol e a direção desportiva tem de ser reorganizada. Serei intransigente na parte desportiva, com rigor, planeamento e olhar para a formação com toda a atenção e encontrar jogadores à Porto sem deitar dinheiro fora como tem acontecido nos últimos anos”, afirmou André Villas-Boas no discurso que fez perante os adeptos, não esquecendo o grande rival nestas eleições.
“Temos de nos encontrar mais vezes com o título de campeão nacional. Temos um legado único e histórico, 42 anos absolutamente mágicos [sob a presidência de Pinto da Costa] e queremos usar esse legado com responsabilidade. É um caminho difícil, porque a situação financeira não permite erros", lembrou, deixando uma frase curiosa sobre a campanha eleitoral.
“Nada me dá mais alegria do que ouvir pessoas a dizer que voltam a ser sócias caso esta Direção vença”, revelou antes do período de perguntas e respostas, durante o qual foi questionado sobre uma eventual candidatura nas eleições de 2028. "Se este presidente [Pinto da Costa], que muito admiro e respeito, for reeleito agora, o nosso clube já não será como o conhecemos em 2028, porque o F. C. Porto está a vincular-se com determinadas pessoas, com antecipação de receitas e a dar contrapartidas com isso. Por isso, só em 2028 é que poderemos ver como as coisas estarão, porque o cenário será radicalmente diferente", referiu.
A construção da futura Academia do clube foi outro tema abordado. “Há dois anos, quando pensámos em avançar, ainda não se falava na Academia da Maia. Estava contratualizado um espaço em Matosinhos/São Mamede Infesta, uma promessa eleitoral de 2016 que ficou por cumprir”, começou por dizer, antes de criticar o preço da obra escolhida pela direção liderada por Pinto da Costa.
“Com 500 milhões de passivo, como é que o clube constrói uma cidade desportiva na Maia sem se endividar ainda mais? No nosso plano, as equipas profissional, B e sub-19 seriam mudadas para as novas instalações, onde também estaria a equipa feminina dentro de dois anos. A formação seria movida para o atual centro de treinos do Olival, com melhorias previstas para essa zona, além de construirmos um pavilhão para as modalidades”, avançou.
“A Academia na Maia é atrativa, mas o clube não tem capacidade financeira para a construir. Esta candidatura, se não for eleita, facilmente cederá os planos que tem a outra candidatura”, garantiu, antes de lamentar a pressa com que a atual SAD decidiu avançar para a Maia.
“Já estamos atrasados em relação aos rivais e se ficarmos sujeitos a embargos ainda pior. Quando entrarmos [na direção] analisaremos os contratos que estão a ser vinculados com a Maia, infelizmente. Alertámos para isso, mas estamos a ser ignorados como foram os sócios do F. C. Porto ao longo dos últimos anos”, afirmou.
“Não está em causa o nome e o legado de Pinto da Costa, que tanto nos deu nos últimos 42 anos, mas sim estas decisões a poucos dias do ato eleitoral. O F. C. Porto vai gastar 7 milhões de euros só em movimentos de terras na Maia. Se não for possível construir como se vai justificar esse valor? Infelizmente, parece que é tudo em aceleração para comprometer o ato eleitoral ou uma futura gestão de outra direção”, acusou.